J. CORIOLANO: BREVE ENSAIO BIOGRÁFICO


Saulo Barreto Lima
Bacharel em Direito CEUMA
Escritor

Ingratidão que desama, grande ingratidão é, mas a ingratidão que chega a desconhecer, é a maior de todas.”
Padre Antônio Vieira

José Coriolano de Souza Lima (1829 - 1869), ou “J. Coriolano”. Você leitor (a), por algum acaso, já leu ou ouviu falar algo a respeito desse nome? Logicamente que a resposta majoritária será um sonoro e uníssono NÃO! Pois bem, com relação aos primórdios e das possíveis origens mais remotas - pelo menos quanto da etimologia do nome “Coriolano” - o escritor e poeta Raimundo Cândido Teixeira Filho nos ventila a seguinte informação:

É provável que a estirpe dos Coriolanos provenha do lendário general Caio Márcio que recebeu a alcunha de Coriolanus, por se distinguir na batalha do Lago Regillus, no cerco da cidade Coriolli, povoada por gente antiquíssima chamada Volscos, eternos adversários de Roma nos primeiros tempos. Contam que os irmãos gêmeos, Castor e Pólux, ajudaram imensamente aos romanos, liderados por Coriolano, a obter êxito nessa importante batalha.1

Entretanto, os dados mais fidedignos acerca das origens e da árvore genealógica do Poeta, são aqueles pinçados dos meticulosos estudos traçados pelo seu trineto Ivens Roberto de Araújo Mourão, que dispõe de grande planilha com os nomes ascendentes, descendentes e colaterais do estimado poeta. Pois bem, o mundo ganhou Coriolano de presente no dia 29 de outubro de 1829, na Fazenda Boa Vista, a qual lhe inspirou um dos mais lindos versos: “(...) num massapé torrado e brusco / Nasceu o valoroso touro fusco.” Essa fazenda, estava situada na Vila do Príncipe Imperial (hoje cidade de Crateús no Ceará) uma bela cidade sertaneja a beira do caudaloso Rio Piranhas (hoje nominado Rio Poti). É salutar que se frise, que quando o Poeta surgiu, sua Vila Príncipe, ainda era condado de solos piauienses. Em 1880, a região começou a fazer parte do Ceará, por conta da troca de parte de seu litoral ao Piauí. Eis o motivo pelo qual nosso poeta, é tratado nesse escrito, como duplo cidadão:

Ali, num mundaréu desabitado da Fazenda Boa Vista, no benéfico ano de 1929, calcinado pela terra, moldado pelo vento, forjado pelo fogo e esculpido pelas águas majestosas do Poti, emerge um grande poeta, só comparável ao grandessíssimo Gonçalves Dias, para fazer nascer a poesia por aqueles rincões distantes de Crateús.2

Essa região foi fortemente habitada pelos índios da etnia Carateús, e é considerada, geograficamente como uma das cidades abrangidas pelo Grande Sertão Nordestino. Quanto ao amor doentio e as peculiaridades de sua terra, o nobre poeta se derrama:“Lindo Sertão, meus amores / Crateús, onde nasci / Que saudade, que rigores, / Sofre meu peito por ti!/ São amargos dissabores / Que em funda taça bebi! / Que saudade, oh meus amores, / Crateús, onde nasci!”.                                              
J. Coriolano foi o caçula de 7 (sete) filhos do casal Gonçalves Correia Lima e Anna Rosa Bezerra. Graças ao empenho e das pesquisas genealógicas desenvolvidas pelo meu tio-avô Raimundo Raul Correia Lima3 e prosseguida pelo pesquisador, historiador e genealogista Ivens Mourão, podemos ter a informação de que J. Coriolano é descendente de Alexandre da Silva Mourão(1720), o “primeiro Mourão cearense”. Desta feita, possui laços consanguíneos com outro monumento da literatura mundial Gerardo Mello Mourão4 (1917 -2007), considerado por uns, o maior poetado século XX e um dos poucos brasileiros indicados ao Prêmio Nobel de Literatura (1979); além de diversos outros nomes valorosos da literatura regional, que foram integrantes ou não, do clã Correia Lima.                         
Quanto da infância, J. Coriolano, relembra no poema ‘Crateús’:


... terra, onde a alvorada
Primeira pra mim raiou!
Onde a primeira morada
Meu pai querido assentou!

Onde o galo, à madrugada
Cantando me despertou!
Onde à primeira alvorada
Ouvi-lhe o có-corô-cô!


Ainda sobre a envergadura literária de Coriolano, Raimundo Cândido decreta:

Com o surgimento do livro Impressões e Gemidos, publicação feita por fiéis amigos, José Coriolano, a maior figura do romantismo piauiense e crateuense, faz com que a literatura do Piauí deixe de ser um mero produto português, para ser algo genuinamente nacional, pois cultivava um compromisso com raízes locais, através de um sentimento nativista que passou a fixar teluricamente a paisagens e a alma da gente piauiense. Por isso foi consagrado o Príncipe dos Poetas naquele estado.5

O membro permanente da Academia Piauiense de Letras Francisco Miguel de Moura,em seu artigo ‘J. Coriolano - patrono da literatura do Piauí’corrobora com esse pensamento acrescentando que J. Coriolano não fora somente “Príncipe” como também fundador da literatura piauiense:

Ícone da nossa literatura, diria mesmo que, com seu livro póstumo Impressões e Gemidos, de 1870, torna-se o fundador da literatura piauiense. Antes dele, praticamente não havia instituto da literatura em nosso meio, como conhecemos hoje, pelo menos com tantos autores e livros, e, sobretudo, leitores e estudiosos.

Porém, essa afirmativa encontra oposição na declaração do pesquisador Cláudio Carvalho Fernandes, que em seu trabalho intitulado de: ‘Surgimento e Desenvolvimento da Poesia no Piauí’, o mesmo traça um detalhado histórico dos primeiros trabalhos poéticos realizados por piauienses, inclusive dividindo sua tese em fases:
Vejamos o que afirma Fernandes:

Foi sob o signo da poesia que a literatura surgiu no Piauí, com a obra “Poemas”, de Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, primeiro poeta piauiense, sendo publicada no ano de 1808, em Lisboa, como produto da sociedade cultural portuguesa, nada tendo de piauiense além da origem de seu autor, que nasceu na antiga Vila de São João da Parnaíba, em 1787. Por sua família ser abastada, fez seus estudos em Portugal, bacharelando-se em Ciências Jurídicas pela Universidade de Coimbra. (Grifo nosso)

Nessa fase, ao qual o pesquisador nominou de 1ª Geração, ele a subdivide em 2 (duas) subfases, a Neoclássica (1808 -1870) e a Romântica (1870 -1889). A primeira, seria representada pelos escritores Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva e Leonardo de Nossa Senhora das Dores Castelo Branco de Carvalho. Já a segunda, teria como expoentes os seguintes nomes: José Coriolano de Souza Lima, Hermínio de Paula Castelo Branco, Theodoro de Carvalho e Silva Castelo Branco, Joaquim Ribeiro Gonçalves, Luiza Amélia de Queiroz Brandão e Lycurgo José Henrique de Paiva.
Visto isso, embora defenda a tese e transfira a outro escritor, a honra de ter fundado a literatura piauiense, Fernandes reconhece a importância e a robustez da obra de Coriolano:

A literatura no Piauí deixou de ser um produto português com o surgimento do livro “Impressões e Gemidos”, de José Coriolano de Souza Lima, a maior figura do romantismo piauiense, cultor de significativo compromisso com as raízes locais, através de um sentimento nativista que passou a fixar teluricamente as paisagens e a alma da gente piauiense.

Em artigo, outro entusiasta e pesquisador da vida de Coriolano, Júnior Bonfim, lucidamente assevera:

Aclamado Príncipe dos Poetas Piauienses, é considerado o talhador da pedra fundacional da literatura Piauiense. (...) José Coriolano é a materialização inconteste dessa assertiva bíblica. Nascido entre as babugens destes solitários torrões, na fazenda Boa Vista, quando Crateús era conhecida por Vila Príncipe Imperial, resplandeceu nos cerimoniosos espaços em que pontificavam os luminares da cultura nacional. Coriolano foi um fidalgo das letras que construiu uma obra impagável e inapagável de devoção às maravilhas Divinas, de paixão pela Natureza e por todos os animais, de modelar sintonia com a mulher amada, de culto aos altos valores da Justiça e da Liberdade!

Quanto da sua vida privada, estudos dão conta de que na primeira década de vida, J. Coriolano apaixonou-se cegamente por sua sobrinha Maria Cisalpina Correia Lima (1837 - 1894) de tenros 2 (dois) anos de idade. Encontro esse, que incitou a feitura dos seguintes versos: “eu contava dous lustros, tu dous ano / Quando nosso himeneu foi resolvido”. Com esse amor arrebatador e sanguíneo, não deu outra.Casaram-se em 24 de janeiro de 1859; quando Coriolano se encontrava no último ano como acadêmico de Direito. Logo depois, o casal é agraciado com a vinda de sua primogênita, no dia 26 de outubro. Nessa época, o poeta Coriolano dividia a vida entre seu eterno amor, seus estudos acadêmicos e sua produção literária. Fontes não muito exatas, dão conta de que o casal tivera 5 (cinco) filhos, a maioria com destino não muito bem-aventurado, ou seja,perecendo antes mesmo de chegar a fase adulta. Eram eles: Maria Gerson, Ana Rosa, Joana Coriolano, José Coriolano e Josefa Coriolano de Sousa Lima.
Na vida profissional, como não poderia deixar de ser, ofereceu grande préstimo a sociedade exercendo com enorme esmero as carreiras públicas de jurista e político.Retrocedendo um pouco nos fatos, é bom que se diga que nos idos do ano de 1854, na cidade de Olinda no estado de Pernambuco,o poeta concluía, sem grandes percalços, seus estudos iniciais em Humanidades. Esse preparatório era um dos requisitos primordiais que antecipava o ingresso dos pretensos candidatos a uma vaga na conceituada Faculdade de Direito em Recife6. Fato esse, que ocorreu no ano subsequente. A famosa e também chamada de Escola de Recife, foi o maior berçário de intelectuais e pensadores e de onde nasceu as Ciências Sociais do Brasil.
Logo no primeiro ano de faculdade, teve de lhe dá com substantivas perdas de amigos próximos, compondo inúmeros poemas de título Nênia7, que significa canto fúnebre em homenagem aos recém-falecidos.
Vejamos um breve trecho de um poema que o Poeta confeccionou quando da morte de seu patrício e amigo estudante J. Pires Ferreira:

Nem mais lágrimas, nem canto,
Que talvez se ofenda o céu.
- Vida! Morte! Eternidade!
Mistério da divindade,
Quem pode rasgar-te o véu?

Nas férias da faculdade, era muito comum J. Coriolano aproveitar o seu tempo para dedicar-se à sua vida familiar ou à literatura. Em 6 de dezembro de 1859, é conferido ao poeta o grau de Bacharel em Ciências Sociais e Jurídicas pela renomada Escola de Recife. Nessa mesma época, é eleito para o primeiro mandado como Deputado Provincial pelo estado do Piauí, por homologação do3º círculo eleitoral.
Seguindo sua carreira política, durante a sessão legislativa de 1865, J. Coriolano, é eleito pela segunda vez, deputado provincial, só que dessa vez ocupando a honrosa cadeira de Presidente da Egrégia Casa legislativa. Em 1866, o parlamentar Coriolano, devidamente alocado como Magistrado em Pastos Bons/MA, abdica dos seus 23 votos concedidos, espontaneamente, pelos seus pares. Essa nobre atitude tomada se deu, para não prejudicar um amigo, que acalentava pretensões a uma vaga como Deputado à Assembleia Geral.
Em nota, no jornal teresinense A Imprensa, J. Coriolano, se mostra surpreso e agradece a expressiva votação:


Lendo na “Imprensa” de 3 de fevereiro do corrente ano, nº 28, o resultado da apuração de votos da eleição a que se procedeu nessa província para um deputado geral, vi que me haviam honrado com 23 votos. Pois bem: declarando a quem me ler que estava longe de supor que me dessem um voto, porque não tive a ideia de preterir nesse sufrágio a muitos patrícios que me precedem em serviços e inteligência, devo, todavia, assegurar a esses amigos que me distinguiram com os seus votos, que muito e muito os estimo e agradeço: 1º) porque de modo algum embaciaram o triunfo de meu ilustrado patrício e parente, o Exmo. Sr. Dr. Antônio Borges Leal Castelo Branco; 2º porque foram voluntários e inspirados. [Pastos Bons, no Maranhão, 6 de maio de 1866].

        Como jurista, também, não deixou por menos. Sua vida profissional era fortemente marcada pela oscilação de cargos entre as atividades políticas-legislativas e judiciárias. Enquanto Vice-presidente da Assembleia Legislativa, em meados de 1860, Coriolano se retira para a comarca de Piracuruca/PI, para assumir a nomeação de Promotor Público da cidade. Em março de 1863, Coriolano assume a chefia do juizado municipal de Codó na província do Maranhão. Dois anos depois, por força do Decreto de 1º de maio de 1865, José Coriolano fora nomeado Juiz de Direito da comarca de Pastos Bons, também no Maranhão. Infelizmente, sua atuação como jurista e até mesmo como político, ainda são muito pouco estudadas.
Para não dizer que o Estado fora totalmente insensível e omisso a obra do ditoso poeta, é justo dizer que em 1870, graças ao empenho de seu pai e alguns amigos de Coriolano, fizeram o vate se encorajar para publicar algumas de suas poesias. Essa obra teve o nome de Impressões e Gemidos. A ideia era publicar seus escritos em dois volumes. O Governo do Piauí bancou a primeira tiragem do primeiro volume. O segundo, por conta do boicote as ideias republicanas do Poeta, o governo decidiu não mais publicá-lo.Por esse motivo,nunca mais foi publicado, nem por conta própria, nem por apoio oficial. Quase um século depois, nos idos do ano de 1973,o Governo piauiense, na gestão do Engenheiro Civil Alberto Tavares Silva, publicou a reedição de seu único livro Impressões e Gemidos, só que desta vez, contando com o título Deus e a Natureza em José de Coriolano.
Nesse diapasão, advogado e escritor Júnior Bonfim, acrescenta:

O apelo final do conceituado órgão de imprensa quedou-se insuficiente para evitar que cerca de cento e trinta poesias inéditas de José Coriolano sumissem no cânion do tempo. Apenas dois livros seus foram à linotipia: ‘O Touro Fusco’, concluído em 22 de fevereiro de 1856; e ‘Impressões e Gemidos’, publicação póstuma de 1870 viabilizada através de amigos seus. 8           

         Em meio a toda essa conturbada vida profissional, o azafamado Poeta, ainda arranjava tempo para atuar como acadêmico e jornalista, veiculando suas poesias e notas de cunho político ou jurídico de interesse público em jornais, bem como participando de Revistas Acadêmicas ou Literárias. Teve trechos de suas obras publicadas em veículos impressos, tais como:Ateneu Pernambucano, Ensaio Filosófico, Revista Acadêmica, Arena, Íris, etc.                                                            
      É chegado então, o inescusável momento do chamado celestial final: o apocalipse do ser individual. Depois de tanto, e em certa medida já ter extrapolado todos os cumprimentos de suas obrigações e deveres, possíveis e inimagináveis, como um cidadão exemplar e diferenciado; Deus, o Senhor Supremo de todo o universo, convoca o J. Coriolano para o Reino Celestial, atravessando assim, o portal, que reparte a enfadonha vida terrena, para a camada superior da imortalidade nos céus, onde tudo é perfeito as ruas são de ouro e onde as fontes emanam leite e jorram mel, a destra do Senhor.                                                                
         Nessa altura, encontrava-se já há 4 anos como zeloso Juiz na cidade Pastos Bons no estado do Maranhão. Contando com seus exatos 40 anos e importunado por uma grave congestão cerebral, o Poeta se dirige a cidade próxima de Caxias, sendo medicado pelos facultativos D. F. de Gouveia Pimentel Beleza e R. Mendes Viana. Ainda sim, vendo que os fármacos não haviam surtido muito efeito e antevendo o pior, ao escritor, é prescrito o regresso ao seu berço que tanto amou, no intuito de ficar próximo aos seus, gozando de ar fresco e relembrando as paisagens de sua infância.
         Seu primo, o Dr. Manuel Ildefonso de Souza Lima, foi um dos primeiros a noticiar para amigos, o tombamento do agora, imortal, poeta:         

Príncipe Imperial, 26 de agosto de 1869 - dou-lhe a tristíssima notícia de ter falecido ontem pela manhã o nosso amigo José Coriolano. Agravando-se os seus incômodos, em virtude de uma constipação que apanhou, sobrevieram-lhe males tais que dentro de dois dias deram cabo de sua existência! Chego neste momento de seu enterro, e sabendo que o correio está próximo a partir, faço-lhe esta apressadamente, sem tempo para dirigir-lhe a outros amigos. O nosso amigo faleceu como uma criança, sem fazer o menor movimento e sem ser visto pelas pessoas que estavam em seu quarto. Não estava presente o vigário Macedo; mandamos a Independência e Vertentes convidar os padres Ricardo e Galvão, e nem um deles veio: o primeiro por motivar incômodos e o segundo por estar doente, de sorte que o nosso amigo não teve encomendação alguma.      

Na mesma linha, o Jornal Piauiense O Liberal, edição Nº 35, assim comunicou a sociedade piauiense seu passamento:

O Dr. José Coriolano de Souza Lima, juiz de direito da comarca de Pastos Bons, na província do Maranhão, acaba de falecer na vila de Príncipe Imperial. Quis a providência que, depois de uma peregrinação de muitos anos, ele fosse deixar os ossos na terra do seu berço, ao lado de seus progenitores, lá onde pela primeira vez a esperança lhe sorriu, nos lábios puros da virgem que tanto amou, e depois foi sua esposa. Havia já alguns meses que o anjo da morte adejava-lhe em torno, e segredava ao coração de seus amigos palavras d’além túmulo. Mas, por fim, parecia que a saúde voltara a garantir por mais tempo a existência do ilustre magistrado. De Príncipe Imperial escrevia o Dr. José Coriolano, pouco antes de morrer, a um seu amigo desta capital: passo os dias contente, bebo leite suculento das vacas destes sertões, banho-me nas águas cristalinas do açude, respiro o ar puro de minha terra - que vida, meu amigo!

Não se tem notícia do estado real (nem é relevante, pois presume-se que a consternação tenha sido geral) da sua Esposa, nem de amigos e parentes, dos detalhes do velório, nem quem, nem quantas pessoas compareceram a solenidade fúnebre. Seus Restos mortais, hoje, se encontram em urna funerária, bem na entrada principal, a esquerda da Igreja Matriz de Crateús/CE, a Catedral do Senhor do Bonfim. No dia 30 de novembro de 1947, num domingo, em missa solene, o Pe. José Maria Moreira do Bonfim abençoa a lápide. Certa feita, também, conta a crônica crateuense, que o poeta Gerardo Melo Mourão, aportou na cidade para receber o título de cidadão honorífico na Câmara dos Vereadores. Quando saiu, ao fitar os olhos esbugalhados onde havia o busto de J. Coriolano, num súbito de trágico desespero, ergueu os braços, rumo ao espaço vazio e clamou firme: MEU POVO, CADÊ O JOSÉ CORIOLANO!?”.
Como cenas do próximo capítulo, graças a um consórcio puxado por alguns dos “Querubins” de Coriolano, a cidade pôde dá outro importante passo no resgate da memória do estimado poeta. Seu busto foi confeccionado e recolocado ao lado da Igreja Matriz, graças a iniciativa da Academia de Letras de Crateús, principalmente, na pessoa de Edmilson Providência, Flávio Machado e Raimundo Cândido. A façanha contou, também, com a colaboração do Poder Público e de vários conterrâneos como diversos populares, artistas, entusiastas, intelectuais e autoridades, como o Prefeito Dr. Carlos Felipe e o Dr. José Arteiro Goiano (do Ministério Público) e de Ivens Roberto de Araújo Mourão, trineto do poeta, que na oportunidade, doou um manuscrito original de José Coriolano para a Academia de Letras da cidade.

Notas Bibliográficas e Explicativas
1.TEIXEIRA FILHO. Raimundo Cândido. Cratheús: do portão da feira aos galos da torre. Fortaleza; Premius, 2012, página 117.
2.TEIXEIRA FILHO. Raimundo Cândido. Ob. Cit. pg.119.
3.Raimundo Raul Correia Lima nasceu em janeiro de 1912 na cidade Crateús/CE. Filho de José Amâncio Correia Lima e da educadora Amália de Souza Lima. Foi professor, escritor, genealogista e escreveu vários livros dentre eles: Crateús: dos índios Caratiús ao homem civilizado e Meus Avós: As Origens da Família Correia Lima e outras.
4.Gerardo Magela Mello Mourão 1917 - 2007). Foi poeta, ficcionista, jornalista, tradutor, ensaísta, biógrafo e foi eleito em 1997, pela Guilda Órfica (antiga irmandade secular de poetas) “O Poeta  do  século  XX” e um dos poucos brasileiros indicados ao Prêmio Nobel de Literatura (1979). Com a sua obra A Invenção do Mar ganhou o Prêmio Jabuti de 1999. Escreveu também O país dos Mourões (1963); Os Peãs (1982); A invenção do saber (1983); O Valete de espadas (1986); O Nome de Deus (2007) e várias outras.
5. TEIXEIRA FILHO. Raimundo Cândido. Ob. Cit. pg.121.
6. A Faculdade de Direito do Recife da Universidade Federal de Pernambuco, foi o local onde aflorou um dos mais importantes movimentos poéticos, críticos, intelectuais, filosóficos, sociológicos, folclóricos e jurídicos do Brasil no século XIX. Conhecido também como “Escola do Recife” ou “Geração de 1871”. A faculdade foi instalada por força da Carta de Lei no ano 1827. Diversos outros nomes passaram pela faculdade, dentre eles citamos: Castro Alves, Joaquim Nabuco, Abelardo Lobo, Vitoriano Palhares, Sílvio Romero, Clóvis Beviláqua, Graça Aranha, Martins Júnior, Faelante da Câmara e muitos outros.
7. Nê.ni:a [Lat. nenia.] Substantivo feminino. 1. Canto fúnebre. -Dicionário Aurélio.  
8. ACADEMIA DE LETRAS DE CRATÉUS. Crateús: 100 anos. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2011, pg. 165.