Elaine Schmitt[1]
RESUMO
Este
artigo busca apontar e analisar em uma produção literária que tematiza a Guerra
do Contestado, conflito armado entre os estados de Paraná e Santa Catarina
durante 1912 a 1916, as características que o definem como romance histórico.
Para isso será usado, especificamente, a obra literária Geração do Deserto (1964)
de Guido Wilmar Sassi, possibilitando ainda uma discussão sobre um gênero
jornalístico que também parte de fatos reais para tecer material literário.
Palavras-chave: guerra
do contestado, romance histórico, jornalismo literário, Guido Sassi,
INTRODUÇÃO
Guerra do Contestado
O conflito
armado travado entre representantes do poder estadual e federal e caboclos em
Santa Catarina e Paraná durante 1912 a 1916 ficou conhecida como a Guerra do
Contestado, vivida sob uma região rica em erva-mate e madeira. Sua origem
esteve principalmente na insatisfação da população local e na falta de
regularização da posse de terras, tendo como agravante o fanatismo religioso, encontrado
no messianismo e na crença vivida por grande parte dos caboclos.
O nome
Contestado resulta do fato de contestação por parte dos agricultores sobre a
doação que o governo brasileiro fez aos madeireiros e às empresas de Farqhuar,
a Southern Brazil Lumber & Colonization Company. Dessa forma, ficou
conhecida como Contestado, uma região de disputas de limites entre os dois
estados brasileiros.
Segundo Duglas Teixeira Monteiro, a designação
a qual recebeu a guerra foi, ao mesmo tempo por ser palco de conflitos armados
localizados, a questão dos limites que vieram a ser discutidos e deliberados
nas mais altas cortes judiciárias. O autor afirma que, diferente de Canudos e
Juazeiro, o conflito do Contestado tomou proporções muito maiores e entre suas
principais características esteve a personalidade marcante de um líder, o
monge.
Quanto ao messianismo apontado, muitos tinham como a
figura de líder o monge José Maria e, organizados em uma comunidade de antigos
trabalhadores da Brazil Railway e camponeses expulsos de suas terras, se uniram
aos fazendeiros prejudicados pela presença da Lumber com o objetivo de encontrar soluções para o problema da tomada
das terras e pelo fator do desemprego. Isso tudo seria reforçado pelo discurso
messiânico de José Maria, que afirmou ter a comunidade sob sua própria liderança,
como um governo independente.
Logo foram
formadas outras comunidades, alguns chegando a associar os problemas econômicos
e sociais vigentes a Republica e isso passou a incomodar o governo federal,
também pelo surgimento de lideranças paralelas, como José Maria. Porém a
Igreja, diante do messianismo que aumentava na região, também defendeu a
intervenção na região. A partir de então os governos do Paraná e de Santa
Catarina, articulados pelo presidente Hermes da Fonseca, iniciaram o combate contra
os rebeldes, de forma autoritária e repressiva. Embora tenham tido pouco
sucesso nos dois primeiros anos de um conflito que durou quatro anos, as forças
oficiais obtiveram, a partir de 1914, sucessivas vitórias sobre os revoltosos devido
à violência das tropas e ao seu grande número de homens, que contava com homens
do Exército brasileiro e das polícias de ambos os estados envolvidos.
O fim do
conflito aconteceu após quase 46 meses de guerra, causando milhares de mortes. Diante
de um conflito tão longo, com a força e a crueldade das tropas oficiais e da
epidemia de tifo, os revoltos foram derrotados, em agosto de 1916, com a prisão
do último líder do Contestado, Deodato Manuel Ramos.
DESENVOLVIMENTO
O autor de Geração do Deserto
Para retratar e
eternizar a Guerra do Contestado, o escritor catarinense Guido Wilmar Sassi escreveu
em 1964 a obra Geração do Deserto, retendo o espaço e a história local e
construindo uma espécie de regionalismo que superou os limites espaciais
traçados, indo de encontro à ficção. O compromisso com a memória histórica é
exemplar em Sassi no sentido de conquistar especificidade, desprendendo-se de
valores que o restrinja ao espaço em que transita.
Sassi é natural
de Lages, Santa Catarina, nascido em 1922, onde passou a infância, já na juventude
mudou-se para Campos Novos e dessas experiências e convivência, o autodidata
juntou parte do material que usaria mais tarde em suas histórias. Ao longo de
sua vida escreveu diversos contos e romances, entre eles o livro Geração do
Deserto, que em 1971 virou o filme A Guerra dos Pelados. Neste romance, Sassi estabelece
o cenário e apresenta ao leitor o que foi a Guerra do Contestado. Lá se
encontram os coronéis da pecuária, donos da vida dos homens e da honra das
mulheres; a luta dos camponeses, pequenos industriais, peões e trabalhadores,
na tentativa de reconquistar seus direitos; as explosivas e violentas revoltas
dos fanáticos e jagunços, conduzidos por guias “iluminados”, por heróis
místicos e messiânicos. Para Weinhardt (2000), a obra é marcada, justamente,
pela sua clara intertextualidade bíblica “presente desde o título e a epigrafe”
(p. 130). Em seu dialogo textual é encontrado uma associação explicita entre a
Sagrada Escritura e a Guerra do Contestado, chegando Sassi a colocar Elais no
mesmo “nível de guia” de Moisés e José Maria como divindade.
De acordo com
Wienhardt, o autor escolhe glorificar o monge João Maria, enquanto José Maria,
o segundo, ganha uma narração que concede ao leitor desde o inicio um olhar de
desconfiança.
Se João Maria merece a simpática do narrador
inteiramente solidário com a coletividade, [...] o mesmo não se pode dizer a
respeito de José Maria. A denúncia mão se faz de modo direto, já que o narrador
se mostra predominantemente no mesmo nível de limitação do universo narrado,
mas fica claro em certos registros que evidenciam o vezo de José Maria de
manipular fatos. (WEINHARDT, 2000, p. 133)
Nesse momento
nota-se que o autor, mesmo que pautado em um acontecimento histórico, fez a
escolha de passar ao seu leitor uma imagem ruim de José Maria. Sem ajuizar, a
escolha instaura-se na ironia que, apresentar uma opinião estabelecida, fornece
indícios de uma escolha:
Murmuradores apareceram, estranhando o fato de o monge
dormir com as garotas [...], porém, ninguém reclamou. Afinal, daquelas coisas
do céu, era José Maria o entendido. (SASSI, 1982, p.162)
Em Geração do Deserto,
o autor consolida uma investida de literatura na pesquisa histórica do estado, que
funciona como recuperação consciente de uma memória cultural marcada pela
exploração das classes populares pelos grupos sociais detentores do poder,
assim como o envolvimento com o problema da extração da madeira, configurado
como elemento que proporciona os principais conflitos abordados no romance. Construindo
uma narração a partir de pequenos blocos, a produção ficcional da Guerra do
Contestado ocorrida no oeste catarinense dá-se, em Geração do deserto, conforme
o traçado registrado pela historiografia, permitindo que o livro se torne, ao
lado do anterior, uma espécie de documento historiográfico ou, ainda, um livro
reportagem de jornalismo literário.
O recurso
construído de toda sua narratividade cronológica são os fatos reais que,
alternadamente, revela os personagens conhecidos até então como parte
constituinte de uma massa. Em Geração do Deserto, eles ganham uma história de
vida e até suas sensações são expostas pelo narrador, que ao mesmo tempo em que
busca tecer a memória de uma guerra, preocupa-se com a estética literária de
sua narração. Há provas disso na parcela da história do cego Tavinho, em que
Sassi não poupa o leitor de nenhum detalhe, “presentificando” a cena pelas
sensações de Tavinho e criando, na narração, efeitos do visualismo
cinematográfico, “como se a câmara se movimentasse entre o primeiro e segundo
plano, acompanhando os movimentos do cego e o close, lendo a expressão facial e
seguindo a trajetória das mãos-olhos” (WEINHARDT p.139)
Para Weinhardt,
esses “fios narrativos” constituem tantas histórias encaixadas que dão
coerência e consistência ao universo ficcional pretendido, o tornando mais
palpável e humano do que um relato história convencional o faria. Ele destaca
os que eram costumeiramente chamados por “velhos, mulheres e crianças” e passam
a possuir nome e história. Em um certo momento, Sassi abandona a posição de
rebelde e assume o papel de um cronista, partindo de um ponto de vista
semelhante ao do jornalista Euclides da Cunha, “ainda que sem a força de
expressão”: "A narrativa move-se do acampamento legal para os
redutos, passando pelo campo da batalha e alcançando os efeitos nos espaços
urbanos e na imprensa" (WEINHARDT, 2000. P.142
Guido Wilmar
Sassi recria em seu romance a mentalidade dos caboclos, com seus hábitos, atividades
e crenças. A pesquisa e a fidelidade da história são claramente encontradas em
sua narração, mas junto a isso está a preocupação com a elaboração estética
que, numa linguagem com objetividade e que obedece a uma cronologia linear, determina
efeitos ficcionais indiscutíveis.
O Jornalismo Literário e Romance Histórico
O Jornalismo Literário e Romance Histórico
A
influência da literatura no jornalismo surge nos séculos XVIII e XIX, quando
escritores prestigiados entram em jornais e começam a descobrir o poder do
espaço público. Seu principal instrumento foi o folhetim, que tinha um estilo
discursivo marcante e apareceu pela primeira vez no jornal francês Journal dês débats, dedicado à crítica
literária e variedades. Em 1830 e 1840 essas publicações narrativas começam a
proporcionar aos jornais um aumento significativo de vendas, pois os leitores
começaram a comprar esse material que se tornava popular. (PENA, 2006, p.28).
Muitos
críticos conferem ao folhetim a herança do romance realista, e por esse
realismo ser visto como atitude estética e não gênero possibilita uma
aproximação factível com a intenção do jornalismo, que é informar. Pena (2006,
p.29), afirma que “se o conteúdo das obras expressava a necessidade de conhecer
a nova ordem social vigente, nada mais justo que a simbiose com o jornalismo”.
E apesar da crítica, o folhetim “democratizou” a cultura, possibilitando ao
público o acesso à literatura que, consequentemente, multiplicou o número de
publicações.
Foi
no século XIX que a influência literária se tornou mais visível no jornalismo.
Como livros eram demasiadamente caros para o público assalariado, a imprensa
começou a publicar o material separado em capítulos diariamente. Dessa forma, o
jornal passou a vender mais e os escritores passaram a ser lidos por muito mais
pessoas. Era a união perfeita.
Segundo
Pena (2006), o primeiro grande nome que surge nesse gênero é o francês Honoré
Balzac, que, de 1837 a 1847, escreveu um folhetim anual para o jornal Le Presse. Sua famosa obra A Comédia Humana reunia literatura de
descrição com forte inspiração em acontecimentos sociais. Em seguida, outro
grande nome nasce no novo meio. É Victor Hugo, que teve participação na Revolução
Francesa em 1848. Ele tinha posição republicana assumida e estava entusiasmado
com os valores revolucionários das classes abastadas. Sua obra Napoleão, o pequeno, de 1852, demonstra
as ideias de combate que tinha contra Luís Napoleão Bonaparte.
Em 1840, muitos escritores do realismo social
se propõem a relatar acontecimentos, acompanhando o cotidiano de seus
personagens. Depois de quase um século, em 1930, escritores norte-americanos,
como Willian Faulkner, John Steinbeck, Ernest Hemingway, Willian Sorayan, entre
outros, criam suas raízes sobre o realismo social (LIMA, 2009). É nesse ponto que
o jornalismo extrairia a melhor contribuição para a renovação estilística da
narrativa em profundidade, segundo Lima. O autor afirma que “no início o
jornalismo inspirava-se na literatura, em seguida era a literatura que se
alimentava do jornalismo” (2009, p.188).
Dificilmente é aceito pelos seguidores do
jornalismo tradicionalista, mas bem visto por uma gama de leitores que
valorizam a estética e preocupação da construção de um texto que dê prazer ao
ser lido. Machado da Silva entende essa precisão de dados, encontrada no
tradicionalismo, como “perda de estilo”, uma urgência em simplesmente
comunicar, de forma superficial, e não informar, com a devida preocupação em fazê-lo
com um objetivo.
O grande problema do
jornalismo contemporâneo vem do seu ideal de expressão (conteúdo) máxima com
expressividade (forma) mínima. Em outras palavras, o jornalismo quer dizer
muito com pouca literatura. Houve uma fase em que a ruptura com o modelo
literário se impunha e significou uma libertação para o texto jornalístico.
Hoje, o fosso existente determina, cada vez mais, um desconhecimento, pelo
jornalista, da textura literária das palavras. A ambiguidade esconde-se,
travessa, na superfície dos textos que dizem aos seus autores o que eles não
podem interpretar (SILVA, 2002, p.50).
Castro (2002) acredita que o
conhecimento adequado de palavras, procura da justa expressão, encontro de sons
e ideais que sejam os mais eficazes e densos de significados, é importante
tanto em jornalismo, quanto para a literatura. E é a falta desses fatores que
implica em jornalistas sem a capacidade de contar uma boa história. Para o
autor, alguns bons exemplos como Garcia Márquez, bastariam que reescrevessem os
fatos do dia a dia para que tivéssemos literatura.
Um valor que deveria ser
recomendado a todos os que lidam com palavra escrita, em tempos em que as
outras mídias triunfam, todas elas dotadas de uma velocidade espantosa de
informação, é o de fazer comunicar o que é múltiplo à narração [...] para que
isso ocorra, tem que resolver primeiro questões de concepção, além, é claro, do
problema de não ter ainda profissionais capacitados para tanto (CASTRO,2002,
p.77).
Castro discute ainda a ambiguidade encontrada
no jornalismo como campo em que “várias pessoas (além do repórter ou redator)
possam intervir, alterando-o tantas vezes queiram” (2002, p.80). Isso implica
em uma produção que possa ser duvidosa quanto a retratar a realidade. A partir dessa discussão, ele defende o texto
jornalístico literário que produz metanarrações, camadas de significação, que
criam efeitos de realidade.
A linha condutora, no texto do
jornalismo literário, segundo Lima, chama-se contar história. Mas ao produzir
narrativas bem articuladas, o que lhe difere da ficção é que está limitado
pelos elementos que a realidade possui. Ele afirma que o jornalista literário é
um prisioneiro da realidade, que só pode trabalhar com os elementos que ela lhe
entrega em mãos.
O jornalismo literário
trabalha com esses e outros artifícios literários porque tem o compromisso de
desvendar as teias dos acontecimentos. O objetivo de escrever bem e bonito,
para apresentar ao leitor um texto agradável de ler, existe. Mas o propósito
não está aí. O texto bonito serve também para que o leitor aprenda um pouco
mais sobre o mundo e os seres humanos, quando se depara com uma boa matéria que
desvenda o significado das coisas (LIMA, 2010, p.29).
A observação intensa, demorada, torna-se
também característica fundamental do gênero. Segundo Lima (2009), o narrador
tira o que narra de sua experiência transformando-a na experiência de quem a
lê. Ultrapassando o “meramente informar” (p.96).
Como é gente, pode escrever
melhor. Com alma. Como é gente, pode falhar nas suas observações. Mas aceita
isso. Como é gente, não tenta passar para o leitor a falsa impressão de que
está contando a verdade absoluta. [...] Assim, o bom jornalista literário
compartilha com o leitor suas descobertas, mas sem a pretensão de que está
transmitindo a última e mais completa verdade. Apenas compartilha o que vê, o
que sente, o que consegue entender, o que experimenta (LIMA, 2010, p.31).
Jornalistas, escritores, e também
historiadores, dividem o mesmo universo: o da narração. São descritores de
coisas, fatos, lembranças, cenas e ideias, e vivem disso. Dessa forma, Castro
(2002) afirma que se o saber literário é uma resistência frente a
“trivialização” mundial, o saber jornalístico é a resistência frente à
passividade e à “desmemorização” do homem. E que para uma sensibilidade
cultivada, ambos convergem, dialogam, subsidiam-se, completam-se. Marcados por
esse mesmo pensamento, outros escritores, historiadores e jornalistas surgem,
mais tarde, com a intenção de perpetuar o vínculo entre literatura e os
acontecimentos, mas com intensidade ainda maior.
O Romance Histórico, surgido no início
do século XIX, tinha como principal característica a reconstrução de costumes,
da fala e das instituições do passado. Para isso, fazia uso de um enredo fictício
que misturava personagens históricos com os de ficção O primeiro romance
histórico da literatura universal foi escrito por Sir Walter Scott em 1814,
chamado Waverley, Porém, o maior de todos os romances históricos conhecidos foi
Guerra e Paz (Voina i mir, 1869), de Tolstoi. No Brasil, o romance histórico foi
um dos principais meios usado pelos românticos para reinterpretar os fatos
nacionais e apresentar personagens da história, com uma revalorização e
idealização do passado histórico. Entretanto, desde a Antigüidade Clássica a
ficção e a realidade aparecem como partes constituintes da história, pois os
historiadores acabavam por misturar em seus textos acontecimentos reais com
fatos mitológicos:
Na Antigüidade
clássica, a invenção de discursos
pelos historiadores que afirmavam dizer a verdade não era considerada uma
prática aética. Em outras palavras,
escritores gregos e seus públicos não colocavam a linha
divisória entre história e ficção no
mesmo lugar em que os historiadores a
colocamhoje (ou foi ontem?). (BURKE, 1997, p. 108)
Para Marinho (1999), o romance histórico
trata-se de um gênero híbrido, na medida em que é próprio da sua essência a
conjugação da ficcionalidade inerente ao romance e de uma certa verdade, derivado
do discurso da História.
A preocupação de cada escritor passa a
ser o de transcrever em suas obras aquilo que pudesse ser considerado de
caráter puramente nacional, ou seja, os ‘heróis’ do passado e os principais
aspectos da História, porém:
A preocupação maior do romance histórico romântico era
conseguir a síntese entre a fantasia e a realidade, onde os jogos inventivos do
escritor aplicados a dados históricos produzissem composições que dessem aos
ávidos leitores, ao mesmo tempo, ilusão de realismo e oportunidade de escapar
de uma realidade que não satisfazia. (ESTEVES, 1998, p. 129)
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
O que
Sassi cria com sua obra Geração do Deserto se encontra, portanto, entre o
romance histórico e o jornalismo literário, partindo de um principio que
compreende a aproximação entre essas duas áreas. Ambas, pautando-se no fato
histórico O discurso usado, para Weinhardt, aponta como fonte para uma história
que não se importa em ser factual ou cientifica, mas que permite recorrer ao
cotidiano e se interessa pelo imaginário de uma época. Ele busca dar conta das
facetas da realidade brasileira para contribuir na “delimitação dos esfumaçados
contornos da identidade nacional” (p. 158).
Em Sassi
encontramos vestígios de valorização de memória histórica e realização de
pesquisa para que a elaboração de sua obra tivesse a possibilidade de recontar
um confronto verdadeiro. Porém, a sua admiração e escolha pelo “flerte” com a
literatura o torna um romancista histórico e um jornalista literário, que tem a
preocupação com a estrutura que a sua narração apresenta, tentando sempre
aproximar-se das ferramentas da literatura. A exploração dos pensamentos,
reações e sensações fazem parte desde universo. Dessa forma, temos uma
narratividade muito rica, boa de ser lida e que é, antes disso, um relato de um
acontecimento histórico.
REFERÊNCIAS
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cruzamento entre o histórico e o literário. Tradução Sandra Vasconcelos. São
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Guido
Wilmar Sassi. Entrevista publicada no jornal da Fundação
Catarinense de Cultura de setembro de 2002. Rio, fevereiro de 1990.
[1] Graduada
em Comunicação Social – Jornalismo, pelo Centro Universitário de União da
Vitória e pós-graduada em História, Cultura e Patrimônio pela Unespar.