Rodrigo Conçole Lage
(UNISUL)
Resumo:
Apresentamos a vida e a obra da escritora afro-americana Toni Morrison com o
objetivo de, examinando sua temática e seu estilo literário, analisar como construiu
sua carreira literária a partir de dois eixos (o combate do racismo e a
denuncia do sofrimento das mulheres afro-americanas). Discutimos também algumas
questões referentes às traduções e a fortuna crítica da autora.
Palavras-chave:
Literatura afro-americana, Toni Morrison, racismo, gênero.
Introdução
A
origem colonial dos EUA deixou, em sua sociedade, marcas que estão presentes,
em maior ou menor grau, em outras ex-colônias. O fato de ter se tornado uma
superpotência pode ter eliminado algumas marcas ou atenuado sua presença, mas
não as eliminou totalmente. Nesse ponto, o fato de ser, ou não, uma nação
desenvolvida é irrelevante. O sistema colonial, por ter uma lógica própria, possui
elementos universais (como os sociais e culturais) que estão presentes em todas
as nações que foram vítimas desse sistema, por terem sido colônias. Mesmo com o
fim do colonialismo muitos desses elementos não são perdidos, mesmo com as
transformações sociais e econômicas surgidas com a independência.
Partindo
desse princípio, iremos apresentar a vida e a obra as escritora Toni Morrison com
o objetivo de mostrar como ela construiu sua carreira literária e sua obra
dentro de um projeto literário. Ela não escreve movida por ideais meramente
estéticos, mas está voltada ao combate de algumas dessas marcas, que estão
diretamente ligadas à comunidade afro-americana e, em especial, as mulheres
nela inseridas. Discutiremos também algumas questões referentes às traduções e
a fortuna crítica produzida no Brasil e em Portugal.
1- Vida e Obra de Toni Morrison
Chloe
Anthony Wofford, mais conhecida como Toni Morrison, nasceu no dia 18 de
fevereiro de 1931, em Lorain, no estado de Ohio. Foi a segunda dos quatro
filhos do casal Ramah e George Wofford, que havia emigrado do sul para o norte
dos EUA. Toni Morrison é seu pseudônimo. Toni é uma abreviação do segundo nome,
cuja origem “deve-se apenas ao facto de achar que Chloe seria um nome difícil
de pronunciar; já o sobrenome, Morrison, trata-se simplesmente do apelido que
passou a usar quando se casou” (DIAS, 2011, p. 10). Estudou na “Lorain High School, tendo sido membro do
conselho estudantil e trabalhado na biblioteca da escola” (SILVA, 2007, p. 13).
Apesar da pobreza ela “cresceu em meio a muitas histórias do folclore
afro-americano com suas músicas, rituais e mitos” (NASCIMENTO, 2012, p. 58).
Ela
foi alfabetizada pelos pais, que também incentivaram o gosto pela leitura (Jane
Austen, Tolstoi, Flaubert e Dostoiévski estão entre seus autores preferidos)
(NASCIMENTO, 2012, p. 58). Em 1949 entrou na Universidad Howard em Washington D. C., para estudar inglês, se
graduando em 1953, e veio a entrar para a companhia de teatro da universidade. Continuou
seus estudos na Cornell University,
onde obteve o titulo de Mestre em filologia inglesa, em 1955. No mesmo ano
começou a trabalhar como professora na Texas
Southern University, em Houston, onde “leciona por dois anos” (NASCIMENTO, 2012, p.
59). Trabalhou a seguir na Universidad
Howard e outras instituições. Lá ela conhece Harold Morrison, um arquiteto
jamaicano com quem se casou em 1958, que ali lecionava.
Seu
casamento terminou em separação, em 1963, e eles tiveram dois filhos, Harold e
Slade. Após a separação, se mudou “com os filhos para Syracuse, Nova York, e lá
começa a trabalhar como editora para a
Random House Company” (NASCIMENTO, 2012, p. 59). Mais tarde, em 1968, muda
para Nova York, mas continua seu trabalho na Random e se tornou a única mulher
afro-americana a ocupar ali o cargo de editora-chefe. Em 1970, quando ainda era
editora-chefe da Random House,
publicou seu primeiro romance, O Olho Mais
Azul, “originalmente concebido como conto durante os anos de faculdade” (NASCIMENTO, 2008, p.
92).
O
livro foi ignorado pela crítica e pelo público, contudo, ela continuou
escrevendo, tendo publicado um total de 10 romances, se tornando “a mais famosa
representante das escritoras negras contemporâneas” (NASCIMENTO, 2008, p. 37). Em
1977 recebe o Prêmio Nacional do Círculo de Críticos Literários. Ela “afirma,
em entrevistas, seu objetivo maior de falar sobre e para a comunidade negra”
(NASCIMENTO, 2008, p. 47). Ao longo do tempo ela foi publicando também, com seu
filho Slade Morrison, nove livros de literatura infantil, publicando até agora
9 livros. Em 1978 sua obra adquire grande destaque, tendo recebido muitos
prêmios.
Escreveu
um short story, Recitatif, publicada
pela primeira vez em 1983, na antologia Confirmation:
An Anthology of African American Women Writers, editada por Amiri e Amina
Baraka (DIAS, 2011, p. 10). É nomeada professora da State University of New York, em 1984. Escreveu posteriormente a
peça Dreaming Emmet, estreada em
1986, mas que não foi publicada. Morrison recebeu o Ansfield-Wolf Book Award in Race Relations, em 1987. Em 1988,
recebe o Pulitzer Prize, o Melcher Book Award, o Robert F. Kennedy Book Award e o Elmer Holmes Bobst Award for Fiction
(DIAS, 2011, p. 10). Em 1989 “se tornou a primeira escritora a ocupar uma
cadeira em uma Ivy League University” (SILVA, 2007, p. 13).
Em
2012, publicou a peça Desdemona. Em 2005 escreveu o libreto para a ópera Margaret Garner, composta por Richard
Danielpour. Publicou também vários livros de não-ficção e artigos de crítica
literária. E, em 1993, sua carreira culmina com o prêmio Nobel de Literatura,
sendo a única mulher negra a recebê-lo. Posteriormente, recebeu o “o Prêmio
Pearl Buck, em 1994, e a Medalha Nacional de Humanidades, em 2000” (SILVA,
2007, p. 14).
Ana
Luísa de Jesus Graça Dias, em sua dissertação “Recitatif” de Toni Morrison – Uma Possibilidade de Tradução.
(2011, p. 10-12), pesquisou a respeito das traduções de Toni Morrison publicadas
no Brasil e em Portugal. Contudo, sua pesquisa foi incompleta e não incluiu a
tradução de Quem Leva a Melhor, de
2008, nem a de Compaixão, de 2009,
ambas pela Companhia das Letras. Como sua dissertação é de 2011 ela não inclui
o romance Home, de 2102. Além disso,
nenhum dos trabalhos citados traz referências a sua peça Desdemona, de 2012, e ao livro infantil Please, Louis[1].
Em
sua dissertação, Toni Morrison e a
construção de paraíso: questões de crítica literária e de tradução (2007,
p.17), Luciana de Mesquita Silva fez uma pequena recensão da fortuna crítica
produzida no Brasil. Não sendo possível discutir o tema de forma mais
abrangente apresento a bibliografia deste artigo como um complemento desta recensão.
Pode-se dizer, observando-a, que ela está, quantitativamente falando, entre as
maiores produzidas dentre as referentes aos ganhadores do prêmio Nobel de
Literatura. Além disso, temos a fortuna crítica produzida em Portugal, que
contém trabalhos importantes, como o da própria Ana Luísa, apesar de poucos
estarem disponíveis na internet[2].
2- Temas Centrais
Ao
longo do tempo, pelos caminhos trilhados em sua carreira literária, Toni
Morrison foi trabalhando em seus livros uma série de temas que são recorrentes.
Elas derivam tanto do fato de ser uma escritora militante, que escreve voltada
para a comunidade afro-americana, quanto do fato de ser mulher. Eles estão,
direta ou indiretamente, conectados com outros temas importantes, mas que aparecem
em maior ou menor grau, tais como: a pobreza, “perda da inocência, incesto,
abuso sexual, loucura, preconceito racial e o mito da cor e da beleza brancas”
(ALVES, 2010, p. 65).
Assim,
nos limitaremos a apresentar os temas centrais que estão sempre presentes em
seus romances. Por tudo o que já foi dito, podemos dizer que o fato de ter se
tornado uma escritora está relacionado com seu desejo de abordar essas questões,
e que seu próprio estilo literário foi construído a partir deles. Eles são:
2.1- Racismo
A
existência, nos EUA, do preconceito racial está ligada à presença do trabalho
escravo no período colonial. Vemos que, até os dias de hoje, “a escravidão
permanece ferida aberta nas gerações de descendentes dos negros trazidos da
África, como prova da crueldade insana de uma sociedade que, ainda nos dias de hoje,
não aprendeu a ver nos seus semelhantes, irmãos” (NASCIMENTO, 2008, p. 104). Por ser
uma escritora negra, em uma sociedade na qual a escravidão deixou marcas tão
profundas, é compreensível que, ao escrever, ela tenha em mente a comunidade
afro-americana, da qual faz parte.
Segundo
Ana Luísa de Jesus Graça Dias (2011, p. 12) “através das suas obras, quer sejam
romances, short story, ou ensaios, Morrison pretende apresentar ao mundo a
comunidade afro-americana contando histórias do seu passado, mas que podem ser
aplicadas e ouvidas na contemporaneidade”. Há também a intenção de levar seus
membros a refletir sobre o passado, para que possam entender o presente, e
buscar um caminho rumo ao futuro. Além disso, mesmo tendo se libertado de seu
passado colonial e se tornado uma superpotência, algumas marcas desse passado colonial
estão arraigadas na sociedade norte-americana, apesar de todas as tentativas de
esquecê-lo.
Encontramos
também um resgate dessa memória, uma tentativa de impedir esse esquecimento. Em
Amada, por exemplo, ela utilizou a
“história real de Margareth Garner, ocorrida poucos anos antes da guerra civil
norte-americana, que, como outras escravas de seu tempo, cometeu o
infanticídio” (DAIBERT, 2009, p. 112).
Contudo,
para entender o processo histórico que deu origem ao racismo, é preciso
entender a história dos EUA e, conjuntamente, a mentalidade do homem branco
que, juntamente com os índios e negros, construiu essa sociedade. Assim, é
preciso entender o modo de pensar e sentir tanto daqueles que procuram iniciar
uma nova vida, abandonando seu passado, quanto daqueles que vivem dentro de um
sistema semifeudal, que adota como referência a aristocracia europeia (NICKEL,
2012, p. 84). Todavia, o racismo não pode ser entendido apenas como algo dos
brancos em relação a eles, mas também dos próprios negros para com os outros.
A
influência cultural presente numa sociedade racista pode fazer com que um negro
assuma os mesmos preconceitos dos quais é vítima. Toni Morrison aborda esse
fato, por exemplo, no romance O Olho Mais
Azul onde:
A
narrativa também sugere que o preconceito não parte apenas da comunidade que
tem pele branca, mas parte também do próprio negro que, por causa dos valores
impostos por aquela sociedade, repudia sua cor na concepção de que ter pele
negra é sinônimo de feiúra e sujeira e, ao contrário, ter pele branca e olhos
azuis significa beleza, amor, socialização e respeito de todos (ALVES, 2010, p. 65).
Esse
preconceito pode acontecer em relação a si mesmo, quando o personagem assimila
aquela visão negativa, em relação aos outros e ao modo com que se vê. O fato de
se sofrer o preconceito passa a não ser visto mais como uma injustiça, mas
culpa da própria pessoa, por não ser branca (por ser, de alguma forma, “inferior”).
Por fim, vemos o preconceito deles em relação aos próprios brancos, uma
consequência natural de tudo o que os escravos sofreram e que, podemos dizer, é
uma resposta àquela situação. Ao
trabalhar a questão do preconceito, a construção formal do texto pode ser tão
importante quanto o tema. Em Recitatif
nós sabemos que uma das personagens é negra e a outra branca, contudo, o texto
não nos diz claramente qual. Mas, saber tal coisa é importante?
Podemos
entender que: “Ao necessitar de “ver”, de ter uma imagem física das personagens,
ainda que se trate de uma imagem construída a partir das vozes de Twyla e
Roberta, talvez o leitor, de forma inconsciente, já tenha decidido qual das
raparigas pertence a que raça” (DIAS,
2011, p. 13). Assim, vemos como a questão pode ser trabalhada de forma mais
sutil, levando o leitor a questionar as próprias ideias sobre o assunto. Toni
Morrison escreve com a intenção de que o leitor não seja passivo, mas participe
ativamente da leitura lhe dando um sentido pessoal. Além disso, por maior que
seja a importância do tema, isso não quer dizer que ele não esteja acompanhado
de outros temas igualmente importantes:
Quando
lhe é pedido que caracterize “Recitatif”, Morrison descreve-o como um texto
sobre a diferença de classes, revelando dar pouca importância à raça de cada
uma das personagens. (...) Ao utilizar “Recitatif”
como uma clara crítica à discriminação social e racial que envolve as duas
protagonistas, a autora utiliza um tipo de linguagem tendencialmente neutra
para que seja dada a mesma importância a ambas as realidades (DIAS, 2011, p.
13).
2.2- A condição feminina
Pelo
fato de ser uma escritora Morrison optou por enfatizar a presença feminina por
meio de uma “carga energética feminina” muito forte. O fato de ser uma
escritora não pode ser negligenciado na análise de seus textos, pois, “a
construção da imagem da mulher em um romance a partir do olhar de uma mulher
muda completamente o foco e a valorização dessa imagem. Diferente do homem que
por mais que tente se distanciar de seu gênero, ele sempre falará da mulher a
partir da sua posição de homem” (NASCIMENTO; SOARES, 2010, p. 5). Analisando
seu romance, Canção de Salomão,
Heloisa Nascimento diz que “o livro, ao contrário de seus outros romances,
possui uma carga energética masculina muito poderosa, mas não o suficiente para
ofuscar a sua presença feminina”
(NASCIMENTO, 2008, p. 112).
Assim,
a presença masculina, por mais importante que seja seu papel, não chega a
ofuscar a feminina. A partir desse ponto de vista podemos apreciar melhor a
forma como Morrison trabalha a questão da sexualidade, criando personagens que
vão contra os estereótipos masculinos, como Sula:
A
sua sensualidade agressiva provoca repúdio, assim como o prazer destrutivo que
acompanha os seus relacionamentos. Ela assume para si um papel que, até então,
só aos homens era concedido: o direito de começar e terminar uma relação
segundo seus próprios interesses. Além disso, ela viola uma norma silenciosa da
comunidade ao relacionar-se com homens brancos (CARREIRA, 2010, p. 14).
Historicamente
falando, a desigualdade social das mulheres foi um dos fatos que motivou a luta
feminina em busca de seus direitos, numa sociedade fortemente machista e,
também, patriarcal. Essa desigualdade, do ponto de vista histórico e social,
atingiu igualmente mulheres brancas e negras, ricas e pobres. Contudo, não se pode negar que o preconceito racial
tornou a vida das mulheres negras ainda mais difícil.
A Mercy,
por meio das histórias de suas personagens femininas, é um romance que trata
dos efeitos traumáticos que a cultura de comodificação da mulher, importada dos
europeus, impôs sobre as mulheres que participaram dos primórdios da história
norte-americana. Mas revela também as consequências ainda mais trágicas para
uma parcela dessa população no momento em que sexo e raça passaram a ser
associados um ao outro (NICKEL, 2012, p. 98)
Partindo
desse princípio, podemos entender como a autora constrói suas personagens
femininas a partir de certas características que estão, em geral, muito
presentes em todas as protagonistas. E, igualmente, podemos compreender a forma
como Morrison caracteriza suas existências, sua vida familiar:
Suas
mulheres são, de maneira geral, de origem humilde e com pouca instrução formal.
Quando estas têm um companheiro, ele usualmente é violento e/ou hostil,
recriando no ambiente familiar um microcosmo do patriarcado ainda reinante nos
dias de hoje, exacerbado quando cercado por pobreza (NASCIMENTO, 2008, p. 36).
A
forte presença feminina faz da questão da maternidade um elemento que, naturalmente,
adquire importância, seja de forma positiva, seja de forma negativa. A relação
mão e filha também tem uma forte presença como podemos ver, por exemplo, em O olho mais azul e Recitatif. Examinando a questão Ana Luísa de Jesus afirma que “Toni
Morrison caracteriza a questão da maternidade com recurso a quatro conceitos”
(DIAS, 2011, p. 16). Eles são:
-
Preservação: Em meio à sociedade racista em que vive a maternidade envolve a proteção
diante do preconceito da sociedade e da violência ali presente, das quais os
filhos ainda são incapazes de se defender.
-
Educação (no aspecto cívico e não académico): a educação para ela não tem o
sentido de educação escolar, ou acadêmica, e sim de educação cívica. Essa
educação cívica envolve os valores, crenças e tradições da cultura
afro-americana que permitem o desenvolvimento de uma consciência cívica e
cultural, fundamentais para a construção da própria identidade e para a luta
por seus direitos.
-
Consciência cultural: É um meio de ensinar as crianças, em meio a uma cultura
racista, a desenvolverem uma identidade negra que seja igualmente forte e
autêntica. Essa consciência, em conjunto com a educação, dará “os elementos
necessários para que se possam preservar e defender de uma sociedade onde o racismo
e as diferenças entre classes sociais ainda são uma realidade” (DIAS, 2011, p. 16-17).
-
Cura: deve ser vista no sentido de conciliação consigo mesmo. Ana Luísa de
Jesus, analisando Recitatif, mostra como
“a falta de afectividade por parte das respectivas mães, aliada ao facto de
terem sido colocadas num orfanato onde não recebiam qualquer tipo de afecto,
faz destas personagens crianças com problemas que transportarão para a idade
adulta” (DIAS,
2011, p. 17). Por meio da cura elas podem recuperar a identidade que lhes foi,
de certo modo, “negada” por esses traumas.
Contudo,
isso não quer dizer que suas personagens obrigatoriamente irão representar
esses papéis. Vemos, por exemplo, como “em “Recitatif”,
a ausência materna tem como consequência a inexistência da protecção materna,
da educação e da consciência cultural” (DIAS, 2011, p. 17). Assim, esses temas
podem receber tanto um tratamento positivo quanto negativo, com o objetivo de
mostrar as consequências na vida dos personagens. A forma como Pauline Breedlove
trata sua filha Pecola, no romance O olho
mais azul, é um exemplo dessa visão negativa da maternidade, demonstrado
por meio da total falta de amor em relação a sua filha.
Por
fim, não menos importante, é a presença da violência contra a mulher. Ela se
apresenta de múltiplas formas, todas igualmente presentes em sua ficção: a
violência verbal, as humilhações, a agressão física e, o estupro e, em seu
ápice, o assassinato. Essa agressão pode ocorrer tanto da parte dos brancos
quanto dos próprios negros (muitas vezes da própria família ou namorados). Seus
romances são uma contínua denúncia dos maus-tratos sofridos pelas mulheres em
uma sociedade machista.
2.3- A comunidade
afro-americana
Os dois temas anteriores, direta e
indiretamente, se conectam com este. Toni Morrison, com o objetivo de escrever
sobre e para a comunidade afro-americana, não poderia deixar de falar sobre o
racismo e suas consequências para a comunidade, assim como não poderia deixar
de falar das mulheres, ali presentes, e dos males a que tem estado expostas ao
longo do tempo. Ao falar da comunidade um dos grandes destaques é a questão da
memória. O resgate da história tem um papel importante, pois, ela busca
preservar um passado que os brancos (e muitos negros) gostariam de esquecer,
deixando-o muitas vezes esquecido, ao ser encoberto pelo tempo. Um exemplo
importante desse resgate se dá no romance Amada
(Beloved, no original).
Escrito
em 1987, Beloved associa a dimensão
do sofrimento e da humilhação vivida durante a escravidão à lenda e à magia do
imaginário africano. O enredo tem lugar no contexto histórico logo após o fim
da guerra civil americana. A ex-escrava Sethe – baseada na histórica Margaret
Garner – prefere matar sua filha mais nova a retornar para a vida escrava (BORGES,
2011, p. 2).
Assim,
aproveitar-se de um fato real para escrever o romance não é um recurso
meramente literário, mas deve ser visto dentro de algo maior, isto é, de seu
projeto de resgatar um passado muitas vezes esquecido. Esse passado histórico
pode ser trabalhado de outras formas, por exemplo, a utilização da “emigração
de ex-escravos de territórios como o Mississippi e a Louisiana para cidades
negras localizadas em Oklahoma” em Paraíso.
Outro ponto importante é a questão da construção da identidade afro-americana.
O
racismo, já discutido, se relaciona a questão, pois, Morrison “questiona o
degradante poder de representações racistas, demonstrando o efeito do racismo
internalizado na construção da identidade afro-americana” (BORGES, p. 4). Essa
construção não se baseia somente em elementos negativos. A valorização de uma
série de elementos, até então pouco valorizados, foi importante dentro do projeto de desconstrução da
identidade que lhes foi impingida, e da criação de uma nova. Assim, diferentes
elementos culturais foram utilizados nesse processo de construção e são reutilizados
por Morrison de forma ficcional. Como exemplo, podemos citar a presença da
religião:
Ao
empregar aspectos religiosos cotidianos na narrativa, Toni Morrison recria uma
espécie de retrato religioso da sociedade negra norte-americana, comprovando
não apenas a importância da religião na formação de seu povo, mas também a
intertextualidade e a interdiscursividade sob a qual o romance foi concebido
[...] (DIMITROV, 2008, p. 8).
A
utilização do African American English
é outro elemento da cultura importante em sua obra. Ao longo da história, a língua tem sido um
importante instrumento para a construção da própria identidade, e a utilização
desse dialeto é “uma característica extremamente relevante para a formação da
imagem da cultura e do povo afro-americanos e da própria produção literária de
Morrison” (SILVA, 2007, p. 12). Discutiremos melhor essa questão ao falarmos do
estilo literário de Morrison na próxima seção.
Em
menor medida, temos a utilização do folclore, que pode ser entendida como uma
forma de manutenção das raízes africanas que a escravidão não conseguiu
destruir. Como exemplo, vemos como “em Canção
de Salomão, o mito do escravo que voa de volta para a África, celebrado em canções
folclóricas, inspira o protagonista, Macon Dead, a empreender a busca pela
verdadeira história de sua família e dos afro-americanos, em épocas anteriores
à sua escravização” (AZEVEDO, 2008, p. 6).
Podemos
destacar também o fato das obras de Morrison, assim como as de outras autoras
negras carregarem “no bojo uma forte
ligação com valores sociais africanos ancestrais, pois resgatam, de certa
forma, um cenário em que a mulher tinha um papel crucial não só pelo fato de a
sociedade tribal basear-se em uma linhagem matrilinear” (CARREIRA, 2010, p.
18). Lendo Sula, a partir desse
ângulo, vê-se que:
Toni
Morrison, por sua vez, constrói uma narrativa em que a ancestralidade
matrilinear africana, representada pelas mulheres da família Peace, entra em
confronto com as normas da sociedade ocidental, branca e patriarcal,
representada por três gerações de mulheres submissas: a família de Nel
(CARREIRA, 2010, p. 19).
Por
fim, vemos a utilização de outros elementos culturais como, por exemplo, a
dança, a música, a magia e a oralidade. Todos utilizados com a mesma finalidade.
Examinando um dos casos, como exemplo, vemos que:
A
música em seus romances é mais uma estratégia para situar o movimento do negro
norte-americano. Morrison expressa à riqueza da voz negra nos estilos do Jazz e
Blues e outros ritmos musicais para desenhar o significado cultural por meio da
música e assim anunciar a fortaleza cultural e racial dos afro-americanos
(VIEIRA, 2012, p. 172).
3- O Estilo Literário de Toni
Morrison
Ao
longo do tempo, alguns modos de se trabalhar a linguagem foram adotados por
Toni Morrison (em conjunto com certas concepções do mundo, visíveis nas
temáticas por ela escolhidas), configurando seu estilo literário. Podemos dizer
que “nada em sua literatura é acidental. Os nomes dos personagens e dos lugares
já contextualizam o enredo” (NASCIMENTO, 2008, p. 93) e os recursos literários
o configuram.
Ele
é marcado pela utilização de características autobiográficas (devido a
influência das narrativas de escravos), pela utilização de fatos históricos, pela
organização das obras, pelo uso da multiplicidade de vozes narrativas, de uma
cronologia não linear, do
African American
English, da musicalidade da prosa, do realismo mágico e da intertextualidade,
utilizadas sempre em prol da denúncia da situação do negro na sociedade
norte-americana, dando destaque as mulheres negras, e do racismo ali presente.
A
utilização das características típicas de uma autobiografia também faz parte de
seu estilo, atuando como um elemento de conexão dos demais elementos. À medida
que apresentarmos os demais poderemos ver melhor como todos se conectam em
torno deste narrador em primeira pessoa que conta, juntamente com os demais, a
história. Segundo Mail Marques (2008, p. 7):
Toni
Morrison atribui a autenticidade de sua presença em uma série de palestras
sobre autobiografia e memória à conexão de sua própria herança literária com as
narrativas de escravos − relatos autobiográficos de escravos ou ex-escravos
negros − que atingiram um número superior a seis mil, entre 1703 e 1944.
Trata-se de uma experiência única na história de grupos escravos nas Américas.
Assim,
Morrison se apropria de alguns de seus traços (falando do particular para
atingir o universal), que a inserem dentro desse cânone literário afro-americano,
“com o objetivo de estabelecer ligações com a vida interior dos ancestrais”
(MARQUES, 2008, p. 7) para se dirigir ao presente. O que não quer dizer que, em
alguns dos textos de não-ficção, ela não aborde sua vida. Toni Morrison não
produziu romances históricos, mas podemos perceber em sua obra o uso constante
de elementos históricos, combinados aos elementos ficcionais (o romance Amada é um importante exemplo dessa
combinação).
Toda
a obra da escritora Toni Morrison possui reflexos de sua preocupação com a
história não-contada ou não divulgada pelos registros oficiais ensinados nas
escolas como a “verdadeira história”, que, na verdade, enfatiza as versões onde
o conquistador branco é o grande herói, o desbravador que subjuga os povos
conquistados e lhes impõe sua língua, seus costumes e suas crenças religiosas
(NASCIMENTO, 2008, p. 114).
Na
relação entre forma e conteúdo um traço característico de seu estilo é o modo
como eles se organizam. Toni Morrison não prioriza o conteúdo em relação a
forma, ou vice-versa, “eles são inseparáveis e atuam simultaneamente”
(NASCIMENTO, 2012, p. 79). A forma do texto é escolhida de acordo com o
conteúdo a ser transmitido. Analisando a forma como Morrison trabalha essa
fusão, em O Olho Mais Azul, Cleidenir
afirma que:
A
organização do romance de Morrison mais do que uma função de estilo, tem uma
função específica na narrativa. Seu papel é mostrar o processo de desconstrução
identitária de Pecola – personagem principal da história. Os acontecimentos e o
relacionamento das outras personagens com a menina atuam diretamente nesse
processo de desconstrução. Considerando o pressuposto de que forma e conteúdo
agem em conjunto, não há como falar da forma sem falar da composição (NASCIMENTO, 2012,
79).
A
multiplicidade de vozes narrativas é um dos elementos típicos da literatura
pós-moderna, sendo comumente utilizado por Morrison. Não é um mero recurso
estilístico objetivando um fim estético, nós podemos dizer que as diferentes
vozes “auxiliam no processo de atribuir sentidos à história que tem em mãos”
(NICKEL, 2012, p. 101). Assim, essas diferentes vozes, mesmo sem uma ligação
direta, se complementam e auxiliam na compreensão da história a partir do
momento em que o leitor interligá-las. A utilização de um narrador onisciente
em terceira pessoa em conjunto com outro(s) na primeira pessoa é um recurso
usual.
O
tratamento cronológico não linear é outro procedimento usual em Toni Morrison.
Ele é trabalhado e conjunto com a multiplicidade de vozes narrativas, que
permite essa quebra da linearidade temporal. Em Compaixão, por exemplo, a “aparente falta de lógica entre as partes do romance, que não avançam
teleologicamente – pelo contrário, interrompem o já problemático fluxo
narrativo da fala de Florens para lançar o leitor ora mais a frente ora para
trás” (NICKEL, 2012, p. 101-102) por meio da utilização da técnica do flashback.
No
que se refere à linguagem, a utilização do African
American English, em conjunto com a língua padrão, é outro aspecto
importante no seu estilo. Esse dialeto “muito distante do inglês falado pela
Inglaterra ou mesmo pelo senado americano, (...) foi a marca que a subversão
dos escravos deixou nos Estados Unidos. Para citar Deleuze, é a marca que uma
minoria pôde fazer em uma língua maior” (DAIBERT, 2009, p. 115).
Se
a utilização do African American English
é um aspecto importante, o leitor que a lê por meio de traduções não tem como
perceber a forma com que é utilizado e de que forma o dialeto modifica gramaticalmente
o inglês padrão. Isso ocorre tanto pelo fato de que, em alguns casos, o
tradutor se limitar a traduzi-la em um português padrão, quanto pelo fato de
que a utilização de um português coloquial não reproduz com fidelidade as
características do African American
English.
A
musicalidade dos textos, também é um elemento
essencial de seu estilo. Ela está presente no texto de muitas formas (prosa
poética, versos). João de Mancelos, analisando um ritual descrito no romance Amada, diz que:
A
narradora descreve este ritual usando sugestivos verbos de movimento, como run,
step out e, evidentemente, dance. Ao mesmo tempo, estabelece um paralelismo nas
falas de Baby, que principiam pelo verbo let, usado no imperativo. Esta
estratégia acentua o ritmo do texto; recria a estrutura discursiva de uma cerimónia
religiosa de tipo “call and response”, frequente entre os afro-americanos; e
vinca o carácter apelativo do discurso da xamã (MANCELOS, 2007, p. 125-126)
Toni
Morrison se destaca no universo literário de língua inglesa, sendo um dos
principais nomes, no que se refere a utilização do chamado “realismo mágico”
(classificação passível de crítica), mesmo que não esteja presente em seus
romance com a mesma intensidade com que é utilizado, por exemplo, em Gabriel
García Márquez. Amada, A canção de Solomon e Paraíso são exemplos de sua utilização.
Ao examinar o uso que Morrison faz da imaginação, com o objetivo de penetrar a
vida interior de seu povo, Mail Marques (2008, p.5) afirma que:
Em
conseqüência, o trabalho de Morrison, para a maioria das pessoas, se enquadra
no fantástico, mítico, mágico, inverossímil. Mas como evitá-lo, pergunta-se
ela, se o seu trabalho deve transmitir uma realidade diferente daquela
veiculada em narrativas históricas aceitas oficialmente.
O
realismo mágico deve ser visto, então, como um recurso necessário para trazer a
tona uma realidade que, de outra forma, não poderia ser alcançada, por não termos
registro; e que muitas vezes vai contra o que foi oficialmente registrado. Mehri
Razmi e Leyli Jamali estudam o tema em seu artigo Magic(al) Realism as Postcolonial Device in Toni Morrison’s Beloved;
assim como Begoña Simal González, no artigo Magic
Realism in Toni Morrison.
A
intertextualidade é outra característica presente em alguns de seus livros,
onde vemos como a inserção de determinado textos tem diferentes funções. A
utilização de “uma popular cartilha de alfabetização utilizada em 1930 e 1970
nos Estados Unidos” (NASCIMENTO, 2012, p. 80), no romance O Olho Mais Azul serve de contraste a vida da família da cartilha e
a de Pecola. Vamos encontrá-la também, com uma função diferente, no romance Paraíso, onde ocorre por meio da
inserção de textos bíblicos (DIMITROV, 2008, p. 8).
Por
fim, devemos ressaltar a riqueza da linguagem utilizada por Morrison. Segundo
Andréa Santos (p. 5) ela é “rica de metáforas, eufemismos, símbolos,
antonímias, antíteses, antífona, parodia, paradoxo, ironia, inversão, hipérbole
e excessos. É uma linguagem grotesca em relação às histórias que conta”. Esses
elementos serão utilizados em maior ou menor grau em cada um de seus livros.
Conclusão
O
fato de ser uma mulher negra, em uma sociedade machista e racista, é de
fundamental importância para compreendermos como, ao optar pela carreira de
escritor, a obra de Toni Morrison se configura. Por mais importantes que sejam
os aspectos meramente literários, Morrison fez de sua obra um instrumento de
denúncia dos males da escravidão sofridos pelos afro-americanos, com destaques
para as mulheres. Para isso ela optou por trabalhar com determinado conjunto de
temas desenvolvendo um estilo com as características que ela via como
necessárias para abordá-los.
Mas,
ao mesmo tempo, que sua obra tem um caráter regional ela se torna universal.
Isso ocorre pelo fato dos males sofridos pelos afro-americanos, devido a sua
cor, e os das mulheres, pelo machismo sempre presente, estarem, de uma forma ou
outra, presentes em todas as sociedades. Esses fatos contribuíram para que a
autora fosse muito traduzida e estudada no Brasil e em outros países. E foram
também responsáveis pelo sucesso de sua carreira, concretizado por meio dos
muitos prêmios recebidos, com destaque para o Nobel de Literatura. Como a
escritora é uma dos poucos ganhadores do Nobel de Literatura ainda vivos, e
atuantes, podemos acompanhar os rumos que sua obra irá tomar.
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[1]
O lançamento oficial deste livro será no dia 4 de março de 2014, mas em alguns
sites ele já se encontra em pré-venda. Ver em:
<http://www.barnesandnoble.com/w/please-louise-toni-morrison/1112672492?ean=9781416983385>.
[2]
Podemos citar, entre outros, a tese de doutorado de Maria Isabel Carvalho G.
Caldeira, História, mito e literatura: A
cicatriz da palavra na ficção de Toni Morrison (FLUC – 1992); A representação da maternidade e a
construção da identidade na ficção de Toni Morrison (FLUC – 1998),
dissertação de mestrado de Adonay Custódia dos Santos de Moreira; a dissertação
de mestrado de Ana Paula Machado Magalhães, Da
memória à palavra: reminiscências Africanas em Sula de Toni Morrison (FLUC
– 1998); Valores alternativos à
americanidade em Song of Solomon de Toni Morrison (FLUC – 1998),
dissertação de mestrado de Teresa Maria de Oliveira Gomes de Martins; Padrões de fragmentação e consolidação de
identidade em Sula de Toni Morrison (FLUC – 2002), dissertação de mestrado
de Magda Pinto Eliseu de Mesquita.