A LITERATURA ENGAJADA DE TONI MORRISON

Rodrigo Conçole Lage
(UNISUL)

Resumo: Apresentamos a vida e a obra da escritora afro-americana Toni Morrison com o objetivo de, examinando sua temática e seu estilo literário, analisar como construiu sua carreira literária a partir de dois eixos (o combate do racismo e a denuncia do sofrimento das mulheres afro-americanas). Discutimos também algumas questões referentes às traduções e a fortuna crítica da autora.
Palavras-chave: Literatura afro-americana, Toni Morrison, racismo, gênero.
   
Introdução
A origem colonial dos EUA deixou, em sua sociedade, marcas que estão presentes, em maior ou menor grau, em outras ex-colônias. O fato de ter se tornado uma superpotência pode ter eliminado algumas marcas ou atenuado sua presença, mas não as eliminou totalmente. Nesse ponto, o fato de ser, ou não, uma nação desenvolvida é irrelevante. O sistema colonial, por ter uma lógica própria, possui elementos universais (como os sociais e culturais) que estão presentes em todas as nações que foram vítimas desse sistema, por terem sido colônias. Mesmo com o fim do colonialismo muitos desses elementos não são perdidos, mesmo com as transformações sociais e econômicas surgidas com a independência.
Partindo desse princípio, iremos apresentar a vida e a obra as escritora Toni Morrison com o objetivo de mostrar como ela construiu sua carreira literária e sua obra dentro de um projeto literário. Ela não escreve movida por ideais meramente estéticos, mas está voltada ao combate de algumas dessas marcas, que estão diretamente ligadas à comunidade afro-americana e, em especial, as mulheres nela inseridas. Discutiremos também algumas questões referentes às traduções e a fortuna crítica produzida no Brasil e em Portugal.

1- Vida e Obra de Toni Morrison
Chloe Anthony Wofford, mais conhecida como Toni Morrison, nasceu no dia 18 de fevereiro de 1931, em Lorain, no estado de Ohio. Foi a segunda dos quatro filhos do casal Ramah e George Wofford, que havia emigrado do sul para o norte dos EUA. Toni Morrison é seu pseudônimo. Toni é uma abreviação do segundo nome, cuja origem “deve-se apenas ao facto de achar que Chloe seria um nome difícil de pronunciar; já o sobrenome, Morrison, trata-se simplesmente do apelido que passou a usar quando se casou” (DIAS, 2011, p. 10). Estudou na “Lorain High School, tendo sido membro do conselho estudantil e trabalhado na biblioteca da escola” (SILVA, 2007, p. 13). Apesar da pobreza ela “cresceu em meio a muitas histórias do folclore afro-americano com suas músicas, rituais e mitos” (NASCIMENTO, 2012, p. 58).
Ela foi alfabetizada pelos pais, que também incentivaram o gosto pela leitura (Jane Austen, Tolstoi, Flaubert e Dostoiévski estão entre seus autores preferidos) (NASCIMENTO, 2012, p. 58). Em 1949 entrou na Universidad Howard em Washington D. C., para estudar inglês, se graduando em 1953, e veio a entrar para a companhia de teatro da universidade. Continuou seus estudos na Cornell University, onde obteve o titulo de Mestre em filologia inglesa, em 1955. No mesmo ano começou a trabalhar como professora na Texas Southern University, em Houston, onde “leciona por dois anos” (NASCIMENTO, 2012, p. 59). Trabalhou a seguir na Universidad Howard e outras instituições. Lá ela conhece Harold Morrison, um arquiteto jamaicano com quem se casou em 1958, que ali lecionava.
Seu casamento terminou em separação, em 1963, e eles tiveram dois filhos, Harold e Slade. Após a separação, se mudou “com os filhos para Syracuse, Nova York, e lá começa a trabalhar como editora para a Random House Company” (NASCIMENTO, 2012, p. 59). Mais tarde, em 1968, muda para Nova York, mas continua seu trabalho na Random e se tornou a única mulher afro-americana a ocupar ali o cargo de editora-chefe. Em 1970, quando ainda era editora-chefe da Random House, publicou seu primeiro romance, O Olho Mais Azul, “originalmente concebido como conto durante os anos de faculdade” (NASCIMENTO, 2008, p. 92).
O livro foi ignorado pela crítica e pelo público, contudo, ela continuou escrevendo, tendo publicado um total de 10 romances, se tornando “a mais famosa representante das escritoras negras contemporâneas” (NASCIMENTO, 2008, p. 37). Em 1977 recebe o Prêmio Nacional do Círculo de Críticos Literários. Ela “afirma, em entrevistas, seu objetivo maior de falar sobre e para a comunidade negra” (NASCIMENTO, 2008, p. 47). Ao longo do tempo ela foi publicando também, com seu filho Slade Morrison, nove livros de literatura infantil, publicando até agora 9 livros. Em 1978 sua obra adquire grande destaque, tendo recebido muitos prêmios.
Escreveu um short story, Recitatif, publicada pela primeira vez em 1983, na antologia Confirmation: An Anthology of African American Women Writers, editada por Amiri e Amina Baraka (DIAS, 2011, p. 10). É nomeada professora da State University of New York, em 1984. Escreveu posteriormente a peça Dreaming Emmet, estreada em 1986, mas que não foi publicada. Morrison recebeu o Ansfield-Wolf Book Award in Race Relations, em 1987. Em 1988, recebe o Pulitzer Prize, o Melcher Book Award, o Robert F. Kennedy Book Award e o Elmer Holmes Bobst Award for Fiction (DIAS, 2011, p. 10). Em 1989 “se tornou a primeira escritora a ocupar uma cadeira em uma Ivy League University” (SILVA, 2007, p. 13).
Em 2012, publicou a peça Desdemona.  Em 2005 escreveu o libreto para a ópera Margaret Garner, composta por Richard Danielpour. Publicou também vários livros de não-ficção e artigos de crítica literária. E, em 1993, sua carreira culmina com o prêmio Nobel de Literatura, sendo a única mulher negra a recebê-lo. Posteriormente, recebeu o “o Prêmio Pearl Buck, em 1994, e a Medalha Nacional de Humanidades, em 2000” (SILVA, 2007, p. 14).
Ana Luísa de Jesus Graça Dias, em sua dissertação “Recitatif” de Toni Morrison – Uma Possibilidade de Tradução. (2011, p. 10-12), pesquisou a respeito das traduções de Toni Morrison publicadas no Brasil e em Portugal. Contudo, sua pesquisa foi incompleta e não incluiu a tradução de Quem Leva a Melhor, de 2008, nem a de Compaixão, de 2009, ambas pela Companhia das Letras. Como sua dissertação é de 2011 ela não inclui o romance Home, de 2102. Além disso, nenhum dos trabalhos citados traz referências a sua peça Desdemona, de 2012, e ao livro infantil Please, Louis[1].
Em sua dissertação, Toni Morrison e a construção de paraíso: questões de crítica literária e de tradução (2007, p.17), Luciana de Mesquita Silva fez uma pequena recensão da fortuna crítica produzida no Brasil. Não sendo possível discutir o tema de forma mais abrangente apresento a bibliografia deste artigo como um complemento desta recensão. Pode-se dizer, observando-a, que ela está, quantitativamente falando, entre as maiores produzidas dentre as referentes aos ganhadores do prêmio Nobel de Literatura. Além disso, temos a fortuna crítica produzida em Portugal, que contém trabalhos importantes, como o da própria Ana Luísa, apesar de poucos estarem disponíveis na internet[2].

2- Temas Centrais
Ao longo do tempo, pelos caminhos trilhados em sua carreira literária, Toni Morrison foi trabalhando em seus livros uma série de temas que são recorrentes. Elas derivam tanto do fato de ser uma escritora militante, que escreve voltada para a comunidade afro-americana, quanto do fato de ser mulher. Eles estão, direta ou indiretamente, conectados com outros temas importantes, mas que aparecem em maior ou menor grau, tais como: a pobreza, “perda da inocência, incesto, abuso sexual, loucura, preconceito racial e o mito da cor e da beleza brancas” (ALVES, 2010, p. 65).
Assim, nos limitaremos a apresentar os temas centrais que estão sempre presentes em seus romances. Por tudo o que já foi dito, podemos dizer que o fato de ter se tornado uma escritora está relacionado com seu desejo de abordar essas questões, e que seu próprio estilo literário foi construído a partir deles. Eles são:

2.1- Racismo
A existência, nos EUA, do preconceito racial está ligada à presença do trabalho escravo no período colonial. Vemos que, até os dias de hoje, “a escravidão permanece ferida aberta nas gerações de descendentes dos negros trazidos da África, como prova da crueldade insana de uma sociedade que, ainda nos dias de hoje, não aprendeu a ver nos seus semelhantes, irmãos” (NASCIMENTO, 2008, p. 104). Por ser uma escritora negra, em uma sociedade na qual a escravidão deixou marcas tão profundas, é compreensível que, ao escrever, ela tenha em mente a comunidade afro-americana, da qual faz parte.
Segundo Ana Luísa de Jesus Graça Dias (2011, p. 12) “através das suas obras, quer sejam romances, short story, ou ensaios, Morrison pretende apresentar ao mundo a comunidade afro-americana contando histórias do seu passado, mas que podem ser aplicadas e ouvidas na contemporaneidade”. Há também a intenção de levar seus membros a refletir sobre o passado, para que possam entender o presente, e buscar um caminho rumo ao futuro. Além disso, mesmo tendo se libertado de seu passado colonial e se tornado uma superpotência, algumas marcas desse passado colonial estão arraigadas na sociedade norte-americana, apesar de todas as tentativas de esquecê-lo.
Encontramos também um resgate dessa memória, uma tentativa de impedir esse esquecimento. Em Amada, por exemplo, ela utilizou a “história real de Margareth Garner, ocorrida poucos anos antes da guerra civil norte-americana, que, como outras escravas de seu tempo, cometeu o infanticídio” (DAIBERT, 2009, p. 112).
Contudo, para entender o processo histórico que deu origem ao racismo, é preciso entender a história dos EUA e, conjuntamente, a mentalidade do homem branco que, juntamente com os índios e negros, construiu essa sociedade. Assim, é preciso entender o modo de pensar e sentir tanto daqueles que procuram iniciar uma nova vida, abandonando seu passado, quanto daqueles que vivem dentro de um sistema semifeudal, que adota como referência a aristocracia europeia (NICKEL, 2012, p. 84). Todavia, o racismo não pode ser entendido apenas como algo dos brancos em relação a eles, mas também dos próprios negros para com os outros.
A influência cultural presente numa sociedade racista pode fazer com que um negro assuma os mesmos preconceitos dos quais é vítima. Toni Morrison aborda esse fato, por exemplo, no romance O Olho Mais Azul onde:

A narrativa também sugere que o preconceito não parte apenas da comunidade que tem pele branca, mas parte também do próprio negro que, por causa dos valores impostos por aquela sociedade, repudia sua cor na concepção de que ter pele negra é sinônimo de feiúra e sujeira e, ao contrário, ter pele branca e olhos azuis significa beleza, amor, socialização e respeito de todos (ALVES, 2010, p. 65).

Esse preconceito pode acontecer em relação a si mesmo, quando o personagem assimila aquela visão negativa, em relação aos outros e ao modo com que se vê. O fato de se sofrer o preconceito passa a não ser visto mais como uma injustiça, mas culpa da própria pessoa, por não ser branca (por ser, de alguma forma, “inferior”). Por fim, vemos o preconceito deles em relação aos próprios brancos, uma consequência natural de tudo o que os escravos sofreram e que, podemos dizer, é uma resposta àquela situação.  Ao trabalhar a questão do preconceito, a construção formal do texto pode ser tão importante quanto o tema. Em Recitatif nós sabemos que uma das personagens é negra e a outra branca, contudo, o texto não nos diz claramente qual. Mas, saber tal coisa é importante?
Podemos entender que: “Ao necessitar de “ver”, de ter uma imagem física das personagens, ainda que se trate de uma imagem construída a partir das vozes de Twyla e Roberta, talvez o leitor, de forma inconsciente, já tenha decidido qual das raparigas pertence a que raça” (DIAS, 2011, p. 13). Assim, vemos como a questão pode ser trabalhada de forma mais sutil, levando o leitor a questionar as próprias ideias sobre o assunto. Toni Morrison escreve com a intenção de que o leitor não seja passivo, mas participe ativamente da leitura lhe dando um sentido pessoal. Além disso, por maior que seja a importância do tema, isso não quer dizer que ele não esteja acompanhado de outros temas igualmente importantes:

Quando lhe é pedido que caracterize “Recitatif”, Morrison descreve-o como um texto sobre a diferença de classes, revelando dar pouca importância à raça de cada uma das personagens. (...) Ao utilizar “Recitatif como uma clara crítica à discriminação social e racial que envolve as duas protagonistas, a autora utiliza um tipo de linguagem tendencialmente neutra para que seja dada a mesma importância a ambas as realidades (DIAS, 2011, p. 13).

2.2- A condição feminina
Pelo fato de ser uma escritora Morrison optou por enfatizar a presença feminina por meio de uma “carga energética feminina” muito forte. O fato de ser uma escritora não pode ser negligenciado na análise de seus textos, pois, “a construção da imagem da mulher em um romance a partir do olhar de uma mulher muda completamente o foco e a valorização dessa imagem. Diferente do homem que por mais que tente se distanciar de seu gênero, ele sempre falará da mulher a partir da sua posição de homem” (NASCIMENTO; SOARES, 2010, p. 5). Analisando seu romance, Canção de Salomão, Heloisa Nascimento diz que “o livro, ao contrário de seus outros romances, possui uma carga energética masculina muito poderosa, mas não o suficiente para ofuscar a sua presença feminina”  (NASCIMENTO, 2008, p. 112).
Assim, a presença masculina, por mais importante que seja seu papel, não chega a ofuscar a feminina. A partir desse ponto de vista podemos apreciar melhor a forma como Morrison trabalha a questão da sexualidade, criando personagens que vão contra os estereótipos masculinos, como Sula:

A sua sensualidade agressiva provoca repúdio, assim como o prazer destrutivo que acompanha os seus relacionamentos. Ela assume para si um papel que, até então, só aos homens era concedido: o direito de começar e terminar uma relação segundo seus próprios interesses. Além disso, ela viola uma norma silenciosa da comunidade ao relacionar-se com homens brancos (CARREIRA, 2010, p. 14).

Historicamente falando, a desigualdade social das mulheres foi um dos fatos que motivou a luta feminina em busca de seus direitos, numa sociedade fortemente machista e, também, patriarcal. Essa desigualdade, do ponto de vista histórico e social, atingiu igualmente mulheres brancas e negras, ricas e pobres. Contudo,  não se pode negar que o preconceito racial tornou a vida das mulheres negras ainda mais difícil.  

A Mercy, por meio das histórias de suas personagens femininas, é um romance que trata dos efeitos traumáticos que a cultura de comodificação da mulher, importada dos europeus, impôs sobre as mulheres que participaram dos primórdios da história norte-americana. Mas revela também as consequências ainda mais trágicas para uma parcela dessa população no momento em que sexo e raça passaram a ser associados um ao outro (NICKEL, 2012, p. 98)
 
Partindo desse princípio, podemos entender como a autora constrói suas personagens femininas a partir de certas características que estão, em geral, muito presentes em todas as protagonistas. E, igualmente, podemos compreender a forma como Morrison caracteriza suas existências, sua vida familiar:

Suas mulheres são, de maneira geral, de origem humilde e com pouca instrução formal. Quando estas têm um companheiro, ele usualmente é violento e/ou hostil, recriando no ambiente familiar um microcosmo do patriarcado ainda reinante nos dias de hoje, exacerbado quando cercado por pobreza (NASCIMENTO, 2008, p. 36).

A forte presença feminina faz da questão da maternidade um elemento que, naturalmente, adquire importância, seja de forma positiva, seja de forma negativa. A relação mão e filha também tem uma forte presença como podemos ver, por exemplo, em O olho mais azul e Recitatif. Examinando a questão Ana Luísa de Jesus afirma que “Toni Morrison caracteriza a questão da maternidade com recurso a quatro conceitos” (DIAS, 2011, p. 16). Eles são:
- Preservação: Em meio à sociedade racista em que vive a maternidade envolve a proteção diante do preconceito da sociedade e da violência ali presente, das quais os filhos ainda são incapazes de se defender.
- Educação (no aspecto cívico e não académico): a educação para ela não tem o sentido de educação escolar, ou acadêmica, e sim de educação cívica. Essa educação cívica envolve os valores, crenças e tradições da cultura afro-americana que permitem o desenvolvimento de uma consciência cívica e cultural, fundamentais para a construção da própria identidade e para a luta por seus direitos.
- Consciência cultural: É um meio de ensinar as crianças, em meio a uma cultura racista, a desenvolverem uma identidade negra que seja igualmente forte e autêntica. Essa consciência, em conjunto com a educação, dará “os elementos necessários para que se possam preservar e defender de uma sociedade onde o racismo e as diferenças entre classes sociais ainda são uma realidade” (DIAS, 2011, p. 16-17).
- Cura: deve ser vista no sentido de conciliação consigo mesmo. Ana Luísa de Jesus, analisando  Recitatif, mostra como “a falta de afectividade por parte das respectivas mães, aliada ao facto de terem sido colocadas num orfanato onde não recebiam qualquer tipo de afecto, faz destas personagens crianças com problemas que transportarão para a idade adulta” (DIAS, 2011, p. 17). Por meio da cura elas podem recuperar a identidade que lhes foi, de certo modo, “negada” por esses traumas.
Contudo, isso não quer dizer que suas personagens obrigatoriamente irão representar esses papéis. Vemos, por exemplo, como “em “Recitatif”, a ausência materna tem como consequência a inexistência da protecção materna, da educação e da consciência cultural” (DIAS, 2011, p. 17). Assim, esses temas podem receber tanto um tratamento positivo quanto negativo, com o objetivo de mostrar as consequências na vida dos personagens. A forma como Pauline Breedlove trata sua filha Pecola, no romance O olho mais azul, é um exemplo dessa visão negativa da maternidade, demonstrado por meio da total falta de amor em relação a sua filha.
Por fim, não menos importante, é a presença da violência contra a mulher. Ela se apresenta de múltiplas formas, todas igualmente presentes em sua ficção: a violência verbal, as humilhações, a agressão física e, o estupro e, em seu ápice, o assassinato. Essa agressão pode ocorrer tanto da parte dos brancos quanto dos próprios negros (muitas vezes da própria família ou namorados). Seus romances são uma contínua denúncia dos maus-tratos sofridos pelas mulheres em uma sociedade machista.

2.3- A comunidade afro-americana 
 Os dois temas anteriores, direta e indiretamente, se conectam com este. Toni Morrison, com o objetivo de escrever sobre e para a comunidade afro-americana, não poderia deixar de falar sobre o racismo e suas consequências para a comunidade, assim como não poderia deixar de falar das mulheres, ali presentes, e dos males a que tem estado expostas ao longo do tempo. Ao falar da comunidade um dos grandes destaques é a questão da memória. O resgate da história tem um papel importante, pois, ela busca preservar um passado que os brancos (e muitos negros) gostariam de esquecer, deixando-o muitas vezes esquecido, ao ser encoberto pelo tempo. Um exemplo importante desse resgate se dá no romance Amada (Beloved, no original).

Escrito em 1987, Beloved associa a dimensão do sofrimento e da humilhação vivida durante a escravidão à lenda e à magia do imaginário africano. O enredo tem lugar no contexto histórico logo após o fim da guerra civil americana. A ex-escrava Sethe – baseada na histórica Margaret Garner – prefere matar sua filha mais nova a retornar para a vida escrava (BORGES, 2011, p. 2).

Assim, aproveitar-se de um fato real para escrever o romance não é um recurso meramente literário, mas deve ser visto dentro de algo maior, isto é, de seu projeto de resgatar um passado muitas vezes esquecido. Esse passado histórico pode ser trabalhado de outras formas, por exemplo, a utilização da “emigração de ex-escravos de territórios como o Mississippi e a Louisiana para cidades negras localizadas em Oklahoma” em Paraíso. Outro ponto importante é a questão da construção da identidade afro-americana.
O racismo, já discutido, se relaciona a questão, pois, Morrison “questiona o degradante poder de representações racistas, demonstrando o efeito do racismo internalizado na construção da identidade afro-americana” (BORGES, p. 4). Essa construção não se baseia somente em elementos negativos. A valorização de uma série de elementos, até então pouco valorizados, foi importante  dentro do projeto de desconstrução da identidade que lhes foi impingida, e da criação de uma nova. Assim, diferentes elementos culturais foram utilizados nesse processo de construção e são reutilizados por Morrison de forma ficcional. Como exemplo, podemos citar a presença da religião:

Ao empregar aspectos religiosos cotidianos na narrativa, Toni Morrison recria uma espécie de retrato religioso da sociedade negra norte-americana, comprovando não apenas a importância da religião na formação de seu povo, mas também a intertextualidade e a interdiscursividade sob a qual o romance foi concebido [...] (DIMITROV, 2008, p. 8).

A utilização do African American English é outro elemento da cultura importante em sua obra.  Ao longo da história, a língua tem sido um importante instrumento para a construção da própria identidade, e a utilização desse dialeto é “uma característica extremamente relevante para a formação da imagem da cultura e do povo afro-americanos e da própria produção literária de Morrison” (SILVA, 2007, p. 12). Discutiremos melhor essa questão ao falarmos do estilo literário de Morrison na próxima seção.
Em menor medida, temos a utilização do folclore, que pode ser entendida como uma forma de manutenção das raízes africanas que a escravidão não conseguiu destruir. Como exemplo, vemos como “em Canção de Salomão, o mito do escravo que voa de volta para a África, celebrado em canções folclóricas, inspira o protagonista, Macon Dead, a empreender a busca pela verdadeira história de sua família e dos afro-americanos, em épocas anteriores à sua escravização” (AZEVEDO, 2008, p. 6).
Podemos destacar também o fato das obras de Morrison, assim como as de outras autoras negras carregarem  “no bojo uma forte ligação com valores sociais africanos ancestrais, pois resgatam, de certa forma, um cenário em que a mulher tinha um papel crucial não só pelo fato de a sociedade tribal basear-se em uma linhagem matrilinear” (CARREIRA, 2010, p. 18). Lendo Sula, a partir desse ângulo, vê-se que:

Toni Morrison, por sua vez, constrói uma narrativa em que a ancestralidade matrilinear africana, representada pelas mulheres da família Peace, entra em confronto com as normas da sociedade ocidental, branca e patriarcal, representada por três gerações de mulheres submissas: a família de Nel (CARREIRA, 2010, p. 19).

Por fim, vemos a utilização de outros elementos culturais como, por exemplo, a dança, a música, a magia e a oralidade. Todos utilizados com a mesma finalidade. Examinando um dos casos, como exemplo, vemos que:

A música em seus romances é mais uma estratégia para situar o movimento do negro norte-americano. Morrison expressa à riqueza da voz negra nos estilos do Jazz e Blues e outros ritmos musicais para desenhar o significado cultural por meio da música e assim anunciar a fortaleza cultural e racial dos afro-americanos (VIEIRA, 2012, p. 172).

3- O Estilo Literário de Toni Morrison
Ao longo do tempo, alguns modos de se trabalhar a linguagem foram adotados por Toni Morrison (em conjunto com certas concepções do mundo, visíveis nas temáticas por ela escolhidas), configurando seu estilo literário. Podemos dizer que “nada em sua literatura é acidental. Os nomes dos personagens e dos lugares já contextualizam o enredo” (NASCIMENTO, 2008, p. 93) e os recursos literários o configuram.
Ele é marcado pela utilização de características autobiográficas (devido a influência das narrativas de escravos), pela utilização de fatos históricos, pela organização das obras, pelo uso da multiplicidade de vozes narrativas, de uma cronologia não linear, do African American English, da musicalidade da prosa, do realismo mágico e da intertextualidade, utilizadas sempre em prol da denúncia da situação do negro na sociedade norte-americana, dando destaque as mulheres negras, e do racismo ali presente.
A utilização das características típicas de uma autobiografia também faz parte de seu estilo, atuando como um elemento de conexão dos demais elementos. À medida que apresentarmos os demais poderemos ver melhor como todos se conectam em torno deste narrador em primeira pessoa que conta, juntamente com os demais, a história. Segundo Mail Marques (2008, p. 7):

Toni Morrison atribui a autenticidade de sua presença em uma série de palestras sobre autobiografia e memória à conexão de sua própria herança literária com as narrativas de escravos − relatos autobiográficos de escravos ou ex-escravos negros − que atingiram um número superior a seis mil, entre 1703 e 1944. Trata-se de uma experiência única na história de grupos escravos nas Américas.

Assim, Morrison se apropria de alguns de seus traços (falando do particular para atingir o universal), que a inserem dentro desse cânone literário afro-americano, “com o objetivo de estabelecer ligações com a vida interior dos ancestrais” (MARQUES, 2008, p. 7) para se dirigir ao presente. O que não quer dizer que, em alguns dos textos de não-ficção, ela não aborde sua vida. Toni Morrison não produziu romances históricos, mas podemos perceber em sua obra o uso constante de elementos históricos, combinados aos elementos ficcionais (o romance Amada é um importante exemplo dessa combinação).

Toda a obra da escritora Toni Morrison possui reflexos de sua preocupação com a história não-contada ou não divulgada pelos registros oficiais ensinados nas escolas como a “verdadeira história”, que, na verdade, enfatiza as versões onde o conquistador branco é o grande herói, o desbravador que subjuga os povos conquistados e lhes impõe sua língua, seus costumes e suas crenças religiosas (NASCIMENTO, 2008, p. 114).

Na relação entre forma e conteúdo um traço característico de seu estilo é o modo como eles se organizam. Toni Morrison não prioriza o conteúdo em relação a forma, ou vice-versa, “eles são inseparáveis e atuam simultaneamente” (NASCIMENTO, 2012, p. 79). A forma do texto é escolhida de acordo com o conteúdo a ser transmitido. Analisando a forma como Morrison trabalha essa fusão, em O Olho Mais Azul, Cleidenir afirma que:

A organização do romance de Morrison mais do que uma função de estilo, tem uma função específica na narrativa. Seu papel é mostrar o processo de desconstrução identitária de Pecola – personagem principal da história. Os acontecimentos e o relacionamento das outras personagens com a menina atuam diretamente nesse processo de desconstrução. Considerando o pressuposto de que forma e conteúdo agem em conjunto, não há como falar da forma sem falar da composição (NASCIMENTO, 2012, 79).  

A multiplicidade de vozes narrativas é um dos elementos típicos da literatura pós-moderna, sendo comumente utilizado por Morrison. Não é um mero recurso estilístico objetivando um fim estético, nós podemos dizer que as diferentes vozes “auxiliam no processo de atribuir sentidos à história que tem em mãos” (NICKEL, 2012, p. 101). Assim, essas diferentes vozes, mesmo sem uma ligação direta, se complementam e auxiliam na compreensão da história a partir do momento em que o leitor interligá-las. A utilização de um narrador onisciente em terceira pessoa em conjunto com outro(s) na primeira pessoa é um recurso usual.
O tratamento cronológico não linear é outro procedimento usual em Toni Morrison. Ele é trabalhado e conjunto com a multiplicidade de vozes narrativas, que permite essa quebra da linearidade temporal. Em Compaixão, por exemplo, a “aparente falta de lógica entre as  partes do romance, que não avançam teleologicamente – pelo contrário, interrompem o já problemático fluxo narrativo da fala de Florens para lançar o leitor ora mais a frente ora para trás” (NICKEL, 2012, p. 101-102) por meio da utilização da técnica do flashback. 
No que se refere à linguagem, a utilização do African American English, em conjunto com a língua padrão, é outro aspecto importante no seu estilo. Esse dialeto “muito distante do inglês falado pela Inglaterra ou mesmo pelo senado americano, (...) foi a marca que a subversão dos escravos deixou nos Estados Unidos. Para citar Deleuze, é a marca que uma minoria pôde fazer em uma língua maior” (DAIBERT, 2009, p. 115).
Se a utilização do African American English é um aspecto importante, o leitor que a lê por meio de traduções não tem como perceber a forma com que é utilizado e de que forma o dialeto modifica gramaticalmente o inglês padrão. Isso ocorre tanto pelo fato de que, em alguns casos, o tradutor se limitar a traduzi-la em um português padrão, quanto pelo fato de que a utilização de um português coloquial não reproduz com fidelidade as características do African American English.
A musicalidade dos textos, também é um  elemento essencial de seu estilo. Ela está presente no texto de muitas formas (prosa poética, versos). João de Mancelos, analisando um ritual descrito no romance Amada, diz que:

A narradora descreve este ritual usando sugestivos verbos de movimento, como run, step out e, evidentemente, dance. Ao mesmo tempo, estabelece um paralelismo nas falas de Baby, que principiam pelo verbo let, usado no imperativo. Esta estratégia acentua o ritmo do texto; recria a estrutura discursiva de uma cerimónia religiosa de tipo “call and response”, frequente entre os afro-americanos; e vinca o carácter apelativo do discurso da xamã (MANCELOS, 2007, p. 125-126)

Toni Morrison se destaca no universo literário de língua inglesa, sendo um dos principais nomes, no que se refere a utilização do chamado “realismo mágico” (classificação passível de crítica), mesmo que não esteja presente em seus romance com a mesma intensidade com que é utilizado, por exemplo, em Gabriel García Márquez. Amada, A canção de Solomon e Paraíso são exemplos de sua utilização. Ao examinar o uso que Morrison faz da imaginação, com o objetivo de penetrar a vida interior de seu povo, Mail Marques (2008, p.5) afirma que:

Em conseqüência, o trabalho de Morrison, para a maioria das pessoas, se enquadra no fantástico, mítico, mágico, inverossímil. Mas como evitá-lo, pergunta-se ela, se o seu trabalho deve transmitir uma realidade diferente daquela veiculada em narrativas históricas aceitas oficialmente.

O realismo mágico deve ser visto, então, como um recurso necessário para trazer a tona uma realidade que, de outra forma, não poderia ser alcançada, por não termos registro; e que muitas vezes vai contra o que foi oficialmente registrado. Mehri Razmi e Leyli Jamali estudam o tema em seu artigo Magic(al) Realism as Postcolonial Device in Toni Morrison’s Beloved; assim como Begoña Simal González, no artigo Magic Realism in Toni Morrison.
A intertextualidade é outra característica presente em alguns de seus livros, onde vemos como a inserção de determinado textos tem diferentes funções. A utilização de “uma popular cartilha de alfabetização utilizada em 1930 e 1970 nos Estados Unidos” (NASCIMENTO, 2012, p. 80), no romance O Olho Mais Azul serve de contraste a vida da família da cartilha e a de Pecola. Vamos encontrá-la também, com uma função diferente, no romance Paraíso, onde ocorre por meio da inserção de textos bíblicos (DIMITROV, 2008, p. 8).
Por fim, devemos ressaltar a riqueza da linguagem utilizada por Morrison. Segundo Andréa Santos (p. 5) ela é “rica de metáforas, eufemismos, símbolos, antonímias, antíteses, antífona, parodia, paradoxo, ironia, inversão, hipérbole e excessos. É uma linguagem grotesca em relação às histórias que conta”. Esses elementos serão utilizados em maior ou menor grau em cada um de seus livros.

Conclusão
O fato de ser uma mulher negra, em uma sociedade machista e racista, é de fundamental importância para compreendermos como, ao optar pela carreira de escritor, a obra de Toni Morrison se configura. Por mais importantes que sejam os aspectos meramente literários, Morrison fez de sua obra um instrumento de denúncia dos males da escravidão sofridos pelos afro-americanos, com destaques para as mulheres. Para isso ela optou por trabalhar com determinado conjunto de temas desenvolvendo um estilo com as características que ela via como necessárias para abordá-los.
Mas, ao mesmo tempo, que sua obra tem um caráter regional ela se torna universal. Isso ocorre pelo fato dos males sofridos pelos afro-americanos, devido a sua cor, e os das mulheres, pelo machismo sempre presente, estarem, de uma forma ou outra, presentes em todas as sociedades. Esses fatos contribuíram para que a autora fosse muito traduzida e estudada no Brasil e em outros países. E foram também responsáveis pelo sucesso de sua carreira, concretizado por meio dos muitos prêmios recebidos, com destaque para o Nobel de Literatura. Como a escritora é uma dos poucos ganhadores do Nobel de Literatura ainda vivos, e atuantes, podemos acompanhar os rumos que sua obra irá tomar. 

 Bibliografia
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[1] O lançamento oficial deste livro será no dia 4 de março de 2014, mas em alguns sites ele já se encontra em pré-venda. Ver em: <http://www.barnesandnoble.com/w/please-louise-toni-morrison/1112672492?ean=9781416983385>.
[2] Podemos citar, entre outros, a tese de doutorado de Maria Isabel Carvalho G. Caldeira, História, mito e literatura: A cicatriz da palavra na ficção de Toni Morrison (FLUC – 1992); A representação da maternidade e a construção da identidade na ficção de Toni Morrison (FLUC – 1998), dissertação de mestrado de Adonay Custódia dos Santos de Moreira; a dissertação de mestrado de Ana Paula Machado Magalhães, Da memória à palavra: reminiscências Africanas em Sula de Toni Morrison (FLUC – 1998); Valores alternativos à americanidade em Song of Solomon de Toni Morrison (FLUC – 1998), dissertação de mestrado de Teresa Maria de Oliveira Gomes de Martins; Padrões de fragmentação e consolidação de identidade em Sula de Toni Morrison (FLUC – 2002), dissertação de mestrado de Magda Pinto Eliseu de Mesquita.