Rodrigo Conçole Lage
(UNISUL)
Resumo:
O objetivo deste artigo é examinar a vida e obra de Miguel Ángel Asturias desvelando
como os acontecimentos históricos de sua vida irão se refletir em sua obra, especificamente
nos temas ali presentes, e que podem ser vistos como um padrão da literatura
poscolonial produzida naquele período. Apresentamos, de forma breve, alguns
detalhes referentes às traduções e a fortuna crítica de sua obra.
Palavras-chave:
Miguel Ángel Asturias, Literatura hispano-americana, literatura poscolonial,
literatura e história.
1- Biografia
Miguel
Ángel Asturias, foi o primeiro filho do casal dom Ernesto Asturias, advogado e
juiz, e María Rosales, uma professora. Seu pai era mestiço e sua mãe índia. Nasceu
no dia 19 de outubro de 1899, na Cidade da Guatemala, a capital do país; em
1901 nasceria seu irmão Marco Antonio. Seus pais sofreram perseguição por se
oporem a ditadura de Manuel Estrada Cabrera e seu pai chegou a perder seu cargo
de juiz, pelo fato de não ter “condenado à morte estudantes rebeldes” (CASTRO,
2007, p.20). Eles se viram então obrigados a se mudar, em 1905, e passaram a
viver em Salamá, na fazenda de seu avô materno. Foi lá que entrou em contato
pela primeira vez com a população indígena da Guatemala. Em 1908 a família retornou
para a capital e seu pai montou uma pequena loja.
Estudou
no Colegio del Padre Pedro,
posteriormente, no Colegio del Padre
Solís, e terminou o secundário no Instituto
de Varones. Ele foi membro do partido unionista e participou ativamente do Club Unionista de Estudiantes Universitários,
colaborando no jornal do clube, o El
Estudiante (VERGARA, 2010, p. 20). Estudou medicina por um ano, mas depois
foi estudar direito na Universidad de San
Carlos de Guatemala, em 1918, e lá se formou em 1923 (não exercendo a
profissão). Em 1921 foi o representante da Guatemala no I Congreso Internacional de Estudiantes Universitarios, na Cidade
do México, onde se discutia
“fervorosamente as consequências da Reforma
Universitaria de Córdoba (Argentina) de 1918” (VERGARA, 2010, p. 34-35). As
experiências do congresso o inspiraram a fundar em 1922, juntamente com outros
alunos, a Universidad Popular,
fechada posteriormente por Jorge Ubico,
quando ele assumiu o poder. Sua tese, El
problema social del índio, foi premiada com o Premio Gálvez. No mesmo ano viajou para Londres para estudar
Direito Internacional e Economia Política, de acordo com a vontade de seu pai
(CASTRO, 2007, p.21). Contudo,
[...]
se entrega ao que descreve em cartas como intensa vida de estudos, sobretudo no
campo das Humanidades e das Artes. Começa a frequentar com regularidade as
conferências do museu britânico sobre história e arqueologia da Antiguidade
europeia e asiática, e parece ser a esse tempo – segundo consta em material
documental das correspondências que mantinha com sua mãe 44– que surge seu
interesse particular pelas civilizações pré-colombianas e a ideia de redigir um
livro sobre a evolução dos mitos entre os índios (PERETI, 2010, p.30).
Em setembro de 1924 vai a Paris, onde morou
por dez anos. Em novembro deste ano “começa
a assistir aos cursos de Georges Raynaud sobre religiões pré-colombianas no l’École Pratique
de Hautes Études
e os de Joseph Capitan
sobre antigas civilizações da
América Central no Collége de France”
(PERETI, 2009, p. 205). Estudou as religiões pré-colombianas, com o professor
Georges Raynold, na Sorbonne; e com Joseph Capitan, sobre antigas civilizações
da América Central. Ele também passou a exercer a atividade jornalística,
escrevendo para o jornal Imparcial, para
ajudar em seu sustento. A partir de 1926 passa a se relacionar com o poeta
surrealista André Breton, que exercerá grande influência sobre ele, e outros
escritores (incluindo nomes importantes da literatura latino-americana), que
também o influenciaram como: Armando Godoy, Alejo Carpentier, Augusto Roas
Bastos, Arturo Uslar Pietre, César Vallejo, James Joyce Luis Cardoza y Aragón e
Miguel de Unamuno.
Enquanto
esteve em Paris escreveu poesia, textos de ficção e começou a traduzir para o
espanhol o Popol Vuh (dedicando-se a
esse projeto por quarenta anos), o Los
anales de los Xahil; também fundou a revista Nuevos Tiempos. Em 1930 publica seu primeiro livro, Leyendas de Guatemala, cuja tradução
para o francês recebeu o prêmio Sylla Monsegur, em 1932. Em 1933, no dia 14 de
julho, retorna a Guatemala. Entre 1935-1937 trabalhou como correspondente do
jornal El liberal progressista,
jornal oficial do governo de Ubico (o que gerou críticas por membros da
esquerda, que o consideraram um traidor).
Em 1936 publica seu primeiro livro de poesia, Sonetos. Em 1938 fundou uma rádio, El diario del aire, que funcionou até 1944.
Casa-se
com sua primeira esposa, Clemencia Amado, em 1939. Tiveram dois filhos, Miguel Ángel e Rodrigo Asturias Amado. Em 1942
foi eleito deputado. Publica, em 1946, sua importante obra, El señor Presidente[1].
Foi nomeado adido cultural na Argentina por Juan José Arévalo (o que gerou
críticas por parte de uma elite conservadores, pelo fato de se associar a um
governo comunista) a partir de 1947. Seu casamento termina em divórcio, em
1947.
Em
1949 publica Viento Fuerte, que gerou
muitas críticas, dando início a sua trilogia conhecida como “trilogia da
república da banana”, e Hombres de maíz.
Em 1950, contrai segundas núpcias com a argentina Blanca Mora y Araujo. Foi
posteriormente embaixador em Paris (1952), no México e em El Salvador, até 1954
(quando se exilou). Sua trilogia continua coma publicação de El Papa verde, de 1954, e Los ojos de los enterrados, de 1960. Ao
mesmo tempo, em que produzia sua obra, trabalhava como correspondente de vários
jornais latino-americanos.
Quando
o coronel Carlos Castillo Armas assume o poder, depois da queda de Jacobo Arbenz, ele ordena que Astúrias seja
despojado de sua nacionalidade guatemalteca e o expulsa do país, devido ao
apoio dado ao governo anterior. Ele vive os próximos oito anos em exílio na
cidade de Buenos Aires e no Chile. Com a
mudança de governo na Argentina ele se muda para a Europa. Durante o exílio
publicou, em 1963, quando estava em Gênova, o livro Mulata de Tal, o que contribuiu para o crescimento de sua reputação
como escritor.
Publica
em 1964 as peças Chantaje e Dique seco. Quando, em 1966, Julio César
Méndez Montenegro assume a presidência Astúrias é reabilitado e nomeado
embaixador na França, cargo exercido até 1970. Ganha o prêmio Lenin da Paz, em
1966,por causa de sua trilogia. Em 1967 recebe “o prêmio “Quetzal de Jade” e as
comunidades indígenas o nomearam “Filho Unigênito de Tecum Umam”, revelando a
relação de importância entre Asturias e Tecum Umam” (CASTRO, 2007, p. 67). Neste
mesmo ano recebe o prêmio Nobel de Literatura. Em Madri, quando ali vivia, foi
diagnosticado que estava com câncer, em decorrência do qual veio a falecer em
1974.
2- Sua Obra
Sua
obra é extensa e diversificada, sendo composta de sua tese, romances, contos,
poemas, peças de teatro, ensaios, cartas, traduções e artigos de jornal. Além
das dezenas de volumes publicados deixou alguns textos inéditos (PANZERI, 2006,
p. 1-5). Todavia, foi pouco traduzido no Brasil (vide bibliografia), se
comparado a outros ganhadores do Nobel de Literatura[2]
como, por exemplo, V. S. Naipaul (LAGE, 2013, p.1), Thomas Mann ou Anatole
France. É preciso destacar que em Portugal foram traduzidas algumas obras das quais
não temos tradução (SIMÕES, 2013); assim, duplicasse o número de traduções de
Asturias em língua portuguesa[3]. Ao examinarmos sua obra vemos como o
conhecimento da vida pessoal e da história de seu país, ao contrário de muitos
escritores, é extremamente importante para uma boa compreensão. Vemos que
“todos os personagens e enredos de Asturias têm uma conexão com o real e a sua
realidade sempre foi a Guatemala”
(VERGARA, 2010, p. 40).
Há
quem, como o crítico Emir Rodrigues Monegal, divida sua obra em duas fases, uma
fase anterior a 1954 e outra a partir dessa data, com qualidades
desiguais; o citado crítico considera,
por exemplo, a segunda fase inferior a primeira tanto do ponto de vista
literário quanto dentro do contexto da literatura latino-americana daquele
momento (PERETI, 2010, p. 166). Sua obra deve ser vista dentro do processo de
renovação literária que estava ocorrendo nas mais diferentes regiões da América
Latina para uma boa compreensão; os elementos nela presentes, em maior ou menor
grau, são encontrados em diferentes escritores latino-americanos da época.
Nesse ponto, Asturias não foi um inovador, e sim um representante típico das
mudanças que estavam acontecendo por toda parte.
Apesar
de estarem orientados por princípios heterogêneos e condicionados pelas raízes
nacionais de cada um, esses grupos vanguardistas mostravam, em suma, uma
notável uniformidade de critérios e atitudes: representavam um levante geracional
ante o “passadismo” da cultura tradicional local que havia se esclerosado em
fórmulas e temas entre o torremarfilismo do modernismo avançado e o naturalismo
positivista presentes nas letras hispano-americanas, ou no naturalismo acadêmico
e na retórica plástica dos parnasianos brasileiros (PERETI, 2010, p.22).
Contudo,
se alguns escritores se destacaram dentro da literatura mundial “outros, no entanto,
seriam condenados a certo ostracismo literário que somente agora começa a ser
revisado, como é o caso de Miguel Ángel Asturias” (PERETI, 2010, p. 30). Assim,
ler e estudar a obra de Asturias não significa apenar ter contato com uma
grande obra, mas também contribuir para que seja retirado desse ostracismo.
Emerson Pereti, analisando o ostracismo literário de Asturias, afirma que:
Os
tempos estavam mudando e a nova geração de escritores latino-americanos tinha outro
projeto literário, outras solidariedades críticas, outras filiações ideológicas
e, sobretudo, outros agentes literários com um novo e vigoroso campo editorial.
(...) Para os intelectuais vinculados a Maio de 68, bem como para alguns
escritores do “boom” e críticos literários afins dessa corrente, o velho
escritor guatemalteco havia se transformado em uma espécie de representante
démodé de uma literatura “militante” dentro do contexto ultrapassado da Guerra
Fria, entre o capitalismo patriarcal ocidental e o comunismo na versão russa. (PERETI,
2010, p. 119).
Do
ponto de vista temático Daniel Rodrigues de Castro divide sua obra em 4 fases,
que interpreto como sendo eixos temáticos (2007, p.1). Contudo, não se pode
excluir a presença de outros temas, pois, afirma que “é importante ressaltar a
existência de outras obras que não foram citadas nessa divisão” (CASTRO, 2007,
p. 23); entre outros temas nós temos, por exemplo, a questão ecológica, a questão sexual (PERETI,
2010, p. 168), a da busca da própria identidade (CASTRO, 2010, p. 6), a
presença do cristianismo, a da relação entre história e ficção. Ele afirma também que, uma mesma obra, pode
ser encaixada em mais de um tema, o que pode ser comprovado a partir da leitura
de suas obras. Os temas apresentados por Daniel são:
2.1- O romance político
A
questão política foi um dos temas centrais dos intelectuais latino-americanos
do séc. XX. Assim, não é de se surpreender que ela ultrapasse as análises das
ciências humanas e sociais e adentre a literatura. A luta contra os regimes ditatoriais,
a busca de uma identificação nacional e a crítica anti-imperialista são alguns
dos temas políticos universalmente presentes nas literaturas poscoloniais. Assim, abordar alguns aspectos de sua vida, e
de sua obra, nos permite entender a presença desse tema nela e,
consequentemente, na da literatura poscolonial. Como abordarei a questão da
identificação nacional na seção “união dos dois temas anteriores, somados ao
compromisso social”, me limitarei a abordar aqui os outros temas
políticos.
O
fato de seu pai ter sido perseguido pelo regime foi fundamental para que a
crítica política adquirisse um papel preponderante. A presença da opressão
política, na vida de muitos escritores da época (não só latino-americanos), é um
dos elementos comumente encontrados em
suas biografias e, consequentemente, fundamentais para a compreensão de suas
obras.
Essa
experiência infantil foi o despertar crítico do autor, manifestando-se,
primeiramente, em 1917, através do conto Los
mendigos políticos, que narra o descaso das autoridades guatemaltecas
frente ao resgate da população mais pobre durante o grande terremoto que
destruiu a cidade da Guatemala nesse mesmo ano (CASTRO, 2007, p.20).
A
partir desse fato podemos dividir os romances políticos de Asturias em dois
blocos temáticos que, de uma forma ou outra, estão presentes em boa parte dos
escritores latino-americanos da época. Eles refletem o contexto político da
guerra fria: a crítica aos regimes ditatoriais e a crítica ao papel das
multinacionais (as companhias bananeiras), que personificavam o imperialismo
dos EUA. Em relação à crítica a figura do ditador sua obra tem, como ponto
central, o romance O Senhor Presidente.
Ele faz parte do gênero literário latino-americano conhecido como “romance de
ditador”. Ele pode ser definido como uma obra que “denuncia o poder mantido e
exercido por uma figura autoritária, usando o específico para explicar o geral.
Assim, o personagem do ditador específico concreto é usado para denunciar o
poder absoluto abstrato” (MORAIS, 2010, p.244). A obra de Asturias se destaca
dentro do gênero
[...]
por sua tentativa de, na época, empreender uma revolução na linguagem
literária, redimensionando também o aspecto formal do texto dentro de uma
concepção política e comprometida da escritura; mas por sua primazia em abordar
a realidade latino-americana por intermédio da figura-chave do ditador (PERETI,
2010, p. 61).
Assim,
sua obra representa tanto uma crítica a um regime político, pois a obra foi
baseada no ditador da Guatemala Manuel Estrada Cabrera, quanto o imaginário
latino-americano, no qual a presença da figura do ditador era muito forte na
época. Nesse ponto, sua obra se destaca dentro do gênero. Assim, o medo, a
opressão, a subserviência e o controle ditatorial, sempre presentes na obra,
são representações de aspectos essenciais de um regime ditatorial. Não se pode
esquecer, que a obra não é um mero panfleto político, mas um texto literário de
grande qualidade e inovação, e por suas características literárias é vista como
uma obra de “transição entre o surrealismo europeu e o chamado realismo mágico latino-americano”
(PERETI, 2010, p. 61).
Na
crítica a exploração econômica das companhias bananeiras ele seguiu um tema
presente em outros escritores latino-americanos, que presenciaram a atuação das
empresas em seus países de origem (VERGARA, 2010, p. 15). O ponto central desse
tema é sua trilogía
bananeira que pode ser resumida assim: Em Viento Fuerte vemos um cidadão
estadunidense que, de explorador passa a lutar contra seus compatriotas em
favor dos explorados; em El Papa Verde
vemos “um aventureiro estadunidense que chega a ser presidente de uma sociedade
fruteira, roubando primeiramente as terras dos cultivadores e, em seguida, os
acionistas da grande empresa” (VERGARA, 2007, p.85); e em Los Ojos de los Enterrados, temos o “levante de uma comunidade
indígena, que reivindica sua herança Maia contra a opressão de novos
"conquistadores"” (VERGARA, 2007, p.85).
Assim,
podemos ver na trilogia a presença de uma “nova forma de colonização”, que não
se dá mais, como no período colonial, pelo domínio político de um território,
mas por meio da implantação de multinacionais na região a ser explorada. Essas
multinacionais se apresentavam como um meio de levar a riqueza e o
desenvolvimento à região, graças aos
postos de trabalho criados. E não se pode negar que, nas sociedades em que as
multinacionais são implantadas, muitos terão uma visão positiva delas. O
escritor V. S. Naipaul, em os Mímicos, irá muitas vezes ironizar esse ponto de
vista por meio por meio da forma com que descreve o orgulho
Entretanto,
Amina afirma que “para os povos centro-americanos (assim como venezuelanos,
colombianos e equatorianos), durante décadas e em alguns países, até os dias
atuais, as Compañías Bananeras foram à
personificação dos Estados Unidos em seus países” (VERGARA, 2007, p.77). Assim,
no imaginário das populações nativas, a implantação de uma multinacional veio a
representar a influência estrangeira em seu país, e que remetia ao domínio colonial
de que foram vítimas.
Outro
fato a ser destacado é o fato de apresentam três diferentes visões sobre a
relação Colono X Colonizado. Em Vento
Verde, nós vemos o colonizador que “toma consciência do trabalho desumano
dos peões nas bananeiras” (VERGARA, 2007, p.77) e procura lutar para mudar essa
situação.
Os
romances, então, apresentam três "ocorrências": o misterioso cidadão
estadunidense que mudará sua perspectiva sobre a empresa ao entrar em contato
com a realidade dos trabalhadores na zona bananeira, o aventureiro que em momento
algum é tocado por essa realidade e o elemento indígena – sempre presente nos
escritos de Asturias – que luta para inverter essa realidade. Todos, tendo
sempre como pano de fundo – ou mesmo como personagem – a Companhia Bananeira e
as plantações de banana (VERGARA, 2007, p.85).
Em
O Papa Verde (apesar do caráter
odioso do personagem, visível em boa parte do romance), vemos no decorrer da
obra que os exploradores não são detestáveis, são “máquinas, robôs, seres quase
irreais de tão insensíveis. Porém, mais que ódio, por se mostrarem tão débeis,
despertam compaixão” (VERGARA, 2010, p. 68). De qualquer forma isso não elimina
o caráter explorador dos americanos e suas multinacionais:
E
embora a expansão estadunidense, sempre se revista de um sentido de
"constante e incansável defesa da ordem" (como ocorre até hoje, no
caso do Iraque), não havia qualquer tipo de interesse da United Fruit Company
em "salvar" os povos centro-americanos, seu interesse era puramente
econômico [...] (VERGARA, 2007, p.80).
Assim,
qualquer visão idealizada do papel das multinacionais, e da atuação dos EUA (e
de outros países) nesse processo de implantação, é destruída e a realidade se
apresenta mostrando que tudo não passa de um simples negócio; e, como tal, com
o objetivo de gerar lucros e evitar ou minimizar as perdas. Qualquer romantismo
sobre a questão seria mera ilusão. Para dar maior ênfase à questão ele se
utiliza de elementos históricos na construção da trilogia, algo muito presente
em sua obra.
2.2- Os temas das tradições e dos
mitos guatemaltecos
Antes
de tratar da influência da cultura nativa é importante destacar que o modo de
pensar, de Asturias, via o indígena sofreu grandes transformações ao longo do
tempo. As teorias racistas do final do séc. XIX e início do séc. XX, com forte
influência no Brasil, também estivaram
presentes no restante da América Latina (GOUVEIA, 2012, p. 1). Com isso, podemos
explicar como, apesar de sua crítica ao tratamento sofrido pelo indígena, ele
chegou a ter uma visão negativa dele; comisso veio a apresentar como proposta
para salvá-lo de sua degradação a mestiçagem, racial ou cultural, para que por meio da mistura adequada ele se
salvasse (PERETI, 2010, p.31).
É
preciso salientar que nem todos irão ler o racismo presente em sua tese da
mesma forma. Ao analisar o ensaio La
estética y la política de la interculturalid, de Mario Roberto Morales,
Emerson Pereti resume a intenção do ensaísta:
A
ideia é mostrar como o trabalho de conclusão de curso de Asturias foi, em certo
ponto, determinado pelos postulados ideológicos do liberalismo-positivista
guatemalteco sobre questões étnicas vigentes então no país, pelo parco acesso à
literatura sobre o assunto e pela má formação teórico-metodológica das
universidades. O crítico contesta também as acusações de racismo empreendidas
sobre a tesis, argumentando que a defesa de Asturias sobre a mestiçagem na
época, apesar de suas ideias liberal-positivistas, atestava o despertar de uma
consciência progressista e anti-xenofóbica, que se distanciava inquestionavelmente
do projeto nacional hegemônico (PERETI, 2010, p. 37).
Vemos
então como há quem entenda que, dentro do contesto da época, e com todos os
aspectos negativos que possam ser encontrados, a obra apresentava um avanço diante
do que era defendido por outros. De qualquer forma, essa visão negativa veio a
sofrer uma transformação completa, a partir de sua estada em Paris. Mas, assim
como há quem defenda a ideia de que sua tese não é tão racista como dizem, há
quem defenda o oposto: “[...] os textos que se seguiram logo depois da saída de
Asturias da Guatemala, inclusive suas Leyendas
de 1930, não estabelecem uma ruptura total com as posições que o escritor havia
defendido em 1923, marcam mais uma ruptura formal que ideológica” (PERETI,
2010, p. 49).
De
qualquer forma o abandono, porém, não muda o fato de que um dia a defendeu e “tais
questões não poderiam deixar de suscitar mais tarde a perplexidade – quando não
a repulsa – de muitos de seus leitores” (PERETI, 2010, p. 38). As
controvérsias e discussões sobre a questão continuam até os dias de hoje. Esse
é, ainda hoje, o tema mais controverso para todos os que desejam estudar sua
obra.
Assim,
não importa como se veja sua mudança de opinião sobre o indígena, o fato é que
a viagem foi fundamental para que sua obra adquirisse as características
que passou a ter. Ela proporcionou um
contato com o surrealismo, que iria marcar profundamente sua obra e o colocaria
em contato com o que a cultura europeia produzia de mais importante na época.
Ao mesmo tempo, produziu uma espécie de “retorno as origens”, ao levá-lo a
revalorizar o indígena e a cultura nativa:
Esse
clarão de luz, imagem central no movimento surrealista e na literatura asturiana,
irá iluminar a percepção poética de Asturias, transformando essa suposta visão
pejorativa sobre o indígena presente em sua tese El problema social de índio (1923). Com isso, o escritor refletirá
sobre a essência identitária pessoal e nacional, revelando que a base de suas
obras seria o ser guatemalteco e a mentalidade maia subjacente a esse povo
(CASTRO, 2007, p. 34).
Isto
não significa que, a partir desse momento, Asturias começou a estudar a cultura
mais, para então utilizá-la em sua obra. Podemos dizer que tal fato levou ao
resgate de uma cultura cujo contato ocorreu muito cedo em sua vida. Sabemos que
“desde a infância, Asturias teve contato com a representatividade da poesia maia”
(CASTRO, 2007, p. 20), quando conviveu com os índios de Salamá, por isso
dizemos que houve um retorno as origens. Esse retorno será visível pela forma
como a cultura maia influenciará profundamente sua obra:
Seu
fazer poético a partir da influência dessa cultura milenar revela que o autor não
trata dessa civilização como se fosse meramente um tópico teórico de mitos e lendas,
mas que a desenvolve através de um pensar mítico que não encontra paralelos na
literatura hispano-americana, fazendo desse autor o principal representante da
cultura maia no século XX (CASTRO, 2007, p. 22).
Assim,
Asturias não se limitou a reproduzir velhos mitos, incorporar informações aos
textos ou escrever sobre os maias, como no romance o Maladrón, mas adquiriu um profundo conhecimento sobre sua cultura e
utilizou-o para, a partir dela, criar algo novo. Daniel Rodrigues de Castro, em
sua dissertação A obra de Miguel Ángel
Asturias e o aspecto intercultural: choque de deuses, mitos e sabedoria, ao
analisar este romance diz que:
A
maestria asturiana e seu conhecimento sobre a cultura maia se revelam no fato
de o autor basear-se no calendário indígena para mostrar a importância dos acontecimentos
dentro do romance. O fato de o enredo passar-se dentro de um período de 47 anos
só é perceptível para o leitor se este conhecer previamente alguns episódios
míticos e históricos da referida cultura, pois o autor não escreve diretamente
as datas de início e fim do enredo do romance (CASTRO, 2007, p. 61).
A
influência da cultura maia também foi importante para o surgimento de seu
“realismo mágico”. O surrealismo francês continha elementos de seu realismo mágico
(CASTRO, 2007, p. 39-40), tanto é que o modo como fala de seu surrealismo (em
diferenciação do surrealismo francês) ou seu realismo mágico, de certa forma, pode
levar a uma confusão pelo modo como utiliza as duas expressões para descrever a
mesma coisa; mas ele critica o surrealismo francês (em oposição a seu próprio
surrealismo) por ser muito racional. Tal crítica o levou a cultura maia, pois
entendia que nos textos que ela nos legou estão “a base para proclamar que os
próprios indígenas já estavam imersos, naturalmente, nessa realidade mágica da
vida e da literatura” (CASTRO, 2007, p. 39). Essa influência se refletirá em
outro aspecto importante de sua obra, a linguagem empregada pelo autor. Ela não
deve ser entendida apenas como um recurso estilístico, mas analisada a partir
de seu projeto.
Nos
romances asturianos, a linguagem empregada é revestida de recursos formais da
literatura, os quais confirmarão não apenas o conhecimento teórico do autor
sobre os diversos campos das ciências humanas, mas, principalmente, o efeito poético
que é proporcionado por tal emprego. O próprio autor denomina como “expressão
mágica” essa linguagem poética, que seria a única forma de compreender a
mentalidade original do índio (CASTRO, 2007, p. 41).
A
importância da linguagem pode ser associada a outro elemento cultural muito presente
em sua obra, os tambores indígenas. Eles estão presentes tanto por meio da utilização de uma linguagem
onomatopeica, que lembra o som de
tambores (CASTRO, 2007, p. 41; 65-67), quanto pela retomada constante de poemas
nos quais este recurso é utilizado. Como Daniel assinala “a importância dos
tambores é constante dentro das obras de Asturias e, diversas vezes, o escritor
retoma fragmentos de poemas anteriores para recitá-los em obras posteriores,
como ocorre em Maladrón (1969)” (CASTRO,
2007, p. 41). A partir desses fatos podemos dizer que, a presença da cultura
nativa em sua obra não se apresenta, unicamente, como um elemento temático, mas
como elemento estruturador que reflete uma visão de mundo. Por apresentar um
novo enfoque do índio
[...]
Asturias é considerado um dos representantes do neo-indigenismo[4]
da vanguarda hispano-americana, que é uma nova abordagem do índio a partir de
inovações como o emprego do “realismo mágico”, assim como um tom mais psicológico
e antropológico a partir da problemática de seu cotidiano, apresentando uma linguagem
intensamente lírica e humana. Com isso, há uma harmonia lingüística e poética
na qual se fundamentam aspectos míticos, sociais, antropológicos e históricos
(CASTRO, 2007, p.46).
2.3- A união dos dois temas
anteriores, somados ao compromisso social
Pelo
fato de termos tratado dos temas, nas seções anteriores, passaremos a discutir
a finalidade desta combinação. A combinação de elementos culturais nativos com
questões políticas parte de um projeto de reconstrução da “da identidade
fragmentada pelos processos coloniais” (CASTRO, 2007, p. 49). Se, inicialmente
ele entendia que o indígena carecia de uma renovação, pois estava degenerado;
agora, ele não mais vê o indígena como um ser degenerado. Ele vê o indígena
como uma vítima do processo de colonização, que destruiu sua cultura e o
degradou, e toma para si a tarefa de resgatar a identidade nativa, que havia
sido desvalorizada e destruída, contribuindo assim para superar o estado em que
está. Assim, o fato de ter escrito um
romance sobre o período da conquista espanhola, o Maladrón, pode ser visto tanto como sua tentativa de análise, daquele
destrutivo processo de colonização, como uma resposta a ele, por meio da
revalorização dos resquícios da cultura do colonizado, que sobreviveram ao
processo de aculturação.
Não
será apenar um resgate, mas também uma apropriação da cultura indígena, que
será combinada com a europeia: “a justaposição desses elementos culturais
antitéticos parece ter a finalidade de aniquilar a distância entre esse passado
e o presente, dilatando assim a percepção convencional e limitada da realidade
para propor uma ideia de síntese” (PERETI, 2010, p. 58). Assim, ele tem uma
proposta para o presente que, por meio dessa combinação, poderá ser
implementada. Asturias não foi o único a
elaborar um projeto literário com esse objetivo, nesse período, em diferentes
regiões da América Latina se “começou a fomentar um projeto estético que juntava
diferentes registros etnográficos locais a uma vontade de diferença
político-cultural latino-americana” (PERETI, 2010, p. 16). Analisando esse
processo no Emerson Pereti diz que:
Nesse
projeto buscaram – a princípio no plano estético e somente depois no plano
político – resgatar elementos solapados pelo processo modernizante por meio da
incorporação de componentes pré-modernos das culturas indígenas e negras ao
âmbito da alta cultura literária e artística. A ideia era misturar oralidades
cotidianas; fluxos de imaginação e escritura automática particulares aos ismos;
formas verbais de textos pré-colombianos; a mitificação da realidade presente na
percepção dos índios; tradições orais africanas; mitos e lendas de origem popular;
cosmogonias; rituais narrativizados e diferentes crenças religiosas para resgatar
elementos étnicos e culturais historicamente marginalizados e expressar relações
interculturais até então negadas no projeto de nação oligárquico (PERETI, 2010,
p. 16-17).
Assim
vemos como Asturias não foi o único a dar nova vida a cultura nativa, ao mesmo
tempo em que absorviam a cultura estrangeira. Nesse ponto, ele é um paradigma
do escritor latino-latino americano que, deixa de se preocupar unicamente com a
arte, e desenvolve, por meio dela, um projeto social.
2.4- A temática intercultural
Os
intercâmbios culturais fazem parte da história da humanidade, sendo
fundamentais para o desenvolvimento dos diferentes povos, e seu início não pode
ser datado. Do ponto de vista teórico a interculturalidade pode ser definida
como:
“[...]
um conjunto de propostas de convivência democrática entre diferentes culturas, buscando
a integração entre elas sem anular sua diversidade, ao contrário, “fomentando o
potencial criativo e vital resultante da (sic) relações entre diferentes
agentes e seus respectivos contextos”” (VASCONCELOS, p. 1).
Ela
surge pelo fato de que, ao mesmo tempo em que os contatos entre diferentes
culturas foram importantes, por exemplo, do ponto de vista econômico e
cultural, ele gerou choques entre elas. Culturas foram classificadas em
superiores e inferiores; algumas passaram a ser combatidas com o objetivo de se
eliminá-las e substituí-las pela cultura do outro; o próprio processo de
colonização e a escravidão dos negros e índios foram muitas vezes vistos como
uma tentativa de civilizar outros povos, culturalmente atrasados. Assim, com o
poscolonialismo, não é de se admirar que os ex-colonos passassem a ser
malvistos:
O
“outro”, o ex-colonizado, frequenta agora as “ruas e praças, mercados e igrejas,
escolas e cinemas” cotidianamente, disputa vagas de emprego, submete-se à
tutela do estado que é responsável por sua saúde, pela educação de seus filhos
e por sua seguridade social e traz consigo valores que colocam em cheque suas
tradições morais como instituição familiar e monogamia (VASCONCELOS, p. 1).
Contudo,
apesar dos problemas gerados, a questão da diversidade cultural passou a ser um
tema de interesse, somente a partir do processo de descolonização ocorrido no
séc. XX, devido à intensidade das mudanças sociais causadas durante o processo.
Se antes se tínhamos a visão do colonizador norteando a questão (e
consequentemente implantando seu modelo civilizatório nos colonizados), agora o
colonizado busca desenvolver um olhar próprio, “que visasse o desvio da estereotipada
ótica externa” (CASTRO, 2007, p. 76). Assim, podemos entender o interesse de
Asturias pela questão como uma consequência de seu projeto de reconstrução
identitária e valorização da cultura nativa.
O
símbolo máximo da interculturalidade asturiana ocorre no romance através da
união étnica advinda do nascimento de Antolincito, filho do espanhol Antolin Linares
e da índia Titil-Ic: “Ladrada tomó al
pequeñuelo con horas de nacido, más prietecito que blanco” (Ibid: p. 134).
Partindo-se do simbolismo do ato sexual, no qual reside a busca da unidade e da
realização plena do ser, pode-se perceber o significado legado a essa semente
representada pelo mestiço Antolicito: restaurar os diversos elementos indígenas
que foram extirpados durante o processo da conquista espanhola e uni-los às
ruínas que restavam, tentando reconstruí-las sob um novo prisma. É por isso
que, como afirmou Güinakil, tudo já está cheio de começos (CASTRO,
2007, p. 125).
Assim,
a interculturalidade é a solução para os conflitos gerados a partir do contato
entre os diferentes povos e algumas narrativas, como o Maladrón, serão construídas mediante essa proposta; pois, no caso
do referido romance “o autor ressalta a importância do hibridismo cultural em
contextos conflitantes como esses, visando abarcar assim a pluralidade de cada
povo, para que se evitem choques negativos como as guerras” (CASTRO, 2007, p.
139). Essas características fazem com que a interculturalidade apareça em
conjunto com outros temas, dos quais não pode ser separada.
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[1] A
primeira edição da tradução desta obra (republicada nas demais edições) é da Editora
Zumbi (informação gentilmente fornecida pela historiadora e tradutora Denise
Bottmann), numa edição sem data de publicação. Pesquisando a respeito da
datação encontrei – no jornal Correio da Manhã, 7 de dezembro de 1957, Livros
da Semana – uma resenha do livro: “A Editôra Zumbi; de São Paulo, inicia suas
atividades, lançando na coleção "Clássicos de Hoje e de Amanhã", o romance
de Miguel Angel Astúrias, "O Senhor Presidente", traduzido pela
poetisa Antonieta Dias de Morais [...]”. Disponível em: <http://memoria.bn.br/DocReader/hotpage/hotpageBN.aspx?bib=089842_06&pagfis=84988&pesq=&esrc=s&url=http://memoria.bn.br/docreader>.
[2]
As poucas traduções não condizem com o interesse acadêmico por sua obra. Temos
no Brasil uma ampla fortuna crítica, se comparada a de alguns ganhadores do prêmio
Nobel de Literatura (LAGE, 2013, p. 1). Nenhuma das obras consultadas discute a
fortuna crítica do autor no Brasil. Sendo impossível abordar o assunto me
limitei a reunir parte dela na bibliografia. Por questões de espaço deixei de
fora os trabalhos de Mariluci da Cunha Guberman e alguns de Daniel Rodrigues de
Castro.
[3]
Em seu texto, Manuel G. Simões, cita as traduções de Lendas da Guatemala, O
Espelho de Lida Sal, Furacão
(erroneamente citado como O Furacão)
e Homens de Milho. Contudo, existe também
uma tradução do livro América Latina:
Ensaios (vide bibliografia). Somando-as com as traduzidas no Brasil temos
dez obras no total.
[4] Neo-indigenismo
é um movimento literário que tenta
superar a caracterização externa do indígena para compreendê-lo a partir de
dentro de sua realidade, adentrando em sua visão de mundo e nas características
mais profundas da sua cultura. Suas principais características são: a presença
do realismo mágico, um intenso lirismo e a ampliação do tratamento da questão
indígena para que ela seja vista como integrante de toda nação, e não algo
referente apenas aos próprios indígenas.