LEITURAS ESCRITURAS: TEORIAS EPISTEMOLÓGICAS DO CONHECIMENTO


Carina Merkle Lingnau[1]
(UNIOESTE)
Sônia Maria dos Santos Marques[2]
(UNIOESTE)

RESUMO: Este artigo discute em linhas gerais três teorias epistemológicas do conhecimento.  A discussão orienta o pesquisador à tomada de consciência sobre a base epistêmica sobre a qual sua produção de conhecimento científica está inserida, o que escolher no momento da leitura e escritura dos textos.  Como referencial teórico buscamos autores como Frigotto, Garnica, Koche entre outros. Para ilustrar a discussão são elaborados infográficos.

PALAVRAS-CHAVE: positivismo – marxismo – fenomenologia

ABSTRACT: This article discusses three general epistemological theories of  knowledge. The discussion directs the researcher to the awareness of the epistemic base upon which its production of scientific knowledge is embedded, what to choose at the moment of reading and writing a text. As theoretical basis it was southt authors like Frigotto, Garnica, Koche among others. To illustrate the discussion are drawn infographics.

KEYWORDS: positivism - Marxism – Phenomenology

A começar, é preciso rememorar a escolha que se pode fazer por uma das teorias apresentadas durante o processo de leitura e pesquisa. A base epistemológica sobre a qual o pesquisador decide envolver seu objeto de pesquisa pode estar relacionado de modo geral ao positivismo, materialismo ou fenomenologia. Muito desta escolha encontra-se agregada à visão de mundo que o sujeito carrega em sua consciência.
 Neste artigo mostra-se em linhas gerais a concepção de sociedade e ciência, a relação sujeito-objeto e os procedimentos metodológicos a partir de três matrizes epistemológicas do mundo ocidental: Positivismo, Marxismo e Fenomenologia. Em seguida faz-se a demonstração de dois infográficos construídos a partir das inquietações obtidas no decorrer das leituras realizadas no conjunto destas matrizes.
Comecemos então pela matriz positivista, nesta concepção a sociedade se baseia em uma concepção biológica, lembrando da sociedade como se esta fosse um organismo em que as partes, diferentes umas das outras, são solidárias, guiadas para conservarem o todo como num organismo. Uma ideia bastante distante do subjetivismo, acreditando-se que a sociedade é naturalmente dividida em funções e que deve evoluir gradativamente.
Já a visão de ciência para o positivista é baseada na crença de que a ciência é o único meio de construção do conhecimento verdadeiro, ou seja, uma forma de eleger a ciência como única forma de conhecimento humano. Fortalecido pelo enorme avanço que as ciências naturais vinham conquistando, o positivismo vai encontrar nessas ciências o único método de conhecer digno de confiança, qual seja: a construção de leis que possam explicar os fatos. O positivismo também quis estender tal método para os estudos humanos e sociais. O que levaria a aplicação de um único método científico para todas as áreas. O positivismo, portanto, vai postular uma unidade metodológica das ciências.
Na metodologia positivista todo o procedimento se reduz à aplicação de técnicas objetivas de manipulação e controle em uma pretensa suposição de neutralidade e objetividade do pesquisador. A relação sujeito-objeto se faz de modo unilateral onde o sujeito não interfere deixando ao objeto o papel de “input” e ao pesquisador apenas a observação e constatação dos resultados que o objeto está lhe revelando através de comprovações objetivas e estatísticas.  
A segunda matriz epistemológica do conhecimento que trabalhamos aqui é o marxismo. Para o marxista a sociedade é vista como um conjunto de relações sociais marcada pela luta de classes, sempre inserida no momento histórico e resultado deste, marcada pelas relações de produção. Na concepção marxista não são as ideias que governam o mundo, mas o modo de ser e de viver dos homens.
A ciência para o marxista é trabalho intelectual, conhecimento impulsionado pelo capital, pela economia. Ela serve para tentar explicar a sociedade, ao menos foi a intenção da obra deixada por Marx e Engels.
A relação sujeito-objeto nesta matriz é circular, onde sujeito que analisa a realidade social está dentro dela influenciando e sendo influenciado. Nesta relação busca-se a totalidade, um produto do conhecimento dessa operação desafiadora que é o concreto pensado.
O procedimento metodológico para o marxista é chamado de método dialético histórico que está pautado na maneira de pensar as relações dos homens na sociedade. Seu ponto de partida é a análise crítica dos fatos, o sujeito que pesquisa deve apreender o objeto e desmontá-lo para compreender sua estrutura e movimento.
O marxismo não compreende o método sem o objeto. Para tanto o sujeito apreende o movimento do real, procurando capturar no plano da razão as categorias já existentes naquele movimento, fazendo aparecer o que não está dado e entendendo que não basta descobrir os sentidos, é preciso reconstruir o real ao nível do pensamento.
Como terceira matriz epistemológica ocidental tem-se a fenomenologia. Ela parte da relação entre o homem e o mundo. Para a fenomenologia a sociedade está baseada nas vivências intencionais das pessoas, naquilo que é percebido pelos sentidos ou pela consciência. Esta intencionalidade está no agir consciente dos sujeitos.
Na fenomenologia a ciência vislumbra o estudo das essências. Esta essência como sendo uma intuição, uma significação.
A relação sujeito-objeto na fenomenologia se dá pelas trocas entre o encontro entre a consciência e as coisas. E é nesta relação que se constitui o verdadeiro conhecimento. Nem a consciência constitui sozinha o conhecimento, nem as coisas do mundo.
Para a fenomenologia o método filosófico desvela a cotidianidade do mundo do ser onde a experiência se passa, transparece na descrição de suas vivências, isolando o fenômeno e levando em conta sua consciência e intenção.
Assim, na intenção de demonstrar parte do que foi pensado a partir desta discussão seguem abaixo dois infográficos, elaborados no processo deste artigo com o auxílio de dois ambientes gratuitos disponíveis online para criação de infográfico: PickToChart e Easelly.



Infográfico 1 – Principais teorias epistemológicas



Infográfico 2: Influências no pensamento epistemológico ocidental



Referências Bibliográficas

FRIGOTTO, G. O enfoque da dialética materialista histórica na pesquisa educacional. 7ed. São Paulo: Cortez, 2001.
GARNICA, A.V.M. Algumas notas sobre pesquisa qualitativa e fenomenologia. Interface (Botucatu) [online]. 1997, vol.1, n.1, pp. 109-122.
KOCHE, J.C. Fundamentos de Metodologia Científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 19ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
MARX, K. O método da economia política. In Introdução à contribuição para a crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1974.








[1] Especialista em Educação em Relações Étnico-Raciais pela Unioeste, Francisco Beltrão. Mestranda em Educação pela Unioeste, Cascavel.
[2] Professora adjunta no curso de Pedagogia Unioeste, Francisco Beltrão.