RELAÇÕES ÉTNICAS E LITERATURA: UM OLHAR SOBRE A DIREÇÃO DE INTELIGÊNCIA DA POLÍCIA DA PROVÍNCIA DE BUENOS AIRES (DIPBA)

LINGNAU, Carina Merkle
Universidade Estadual do Oeste do Paraná , Cascavel
carinadebeltrao@gmail.com

MARQUES, Sônia Maria dos Santos
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Francisco Beltrão
mrqs.sonia@gmail.com


RESUMO: Este trabalho é resultado de curso ministrado na Unioeste, centrado na DIPBA. O objetivo foi demonstrar a influência deste aparelho de controle em relação às questões étnico-raciais a partir de documentos e obras literárias. Para a análise aplicou-se a pesquisa documental e bibliográfica. As conclusões do artigo revelam sintonia entre tempo histórico e arquitetura social e ideológica de uma época ao estabelecer quem era o inimigo e quem era superior ao inimigo.
Palavras-Chave: Relações étnico-raciais – DIPBA - Resistência

ETHNIC RELATIONS AND LITERATURE: A LOOK AT THE POLICE INTELLIGENCE DIRECTORATE OF THE PROVINCE OF BUENOS AIRES (DIPBA)

ABSTRACT: This work is resulted of course given at Unioeste, centered on DIPBA. The objective was to demonstrate the influence of this control device on ethnic and racial issues from documents and literary works. For analysis it was applied bibliographical and documentary research. The conclusions of the article show harmony between historical time and social and ideological architecture of a time determining who was the enemy and superior to the enemy.
Keywords: Race and ethnic relations - DIPBA - Resistance


A função da arte/1
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: — Me ajuda a olhar!

(GALEANO, 2002 p.12)


Introdução

Com esta sensação damos início ao texto, recebendo um abraço de Eduardo Galeano. Contrapondo uma sensação de sufocamento despertado por uma temática relacionada à ditadura argentina, localizada em Buenos Aires nos arquivos da Direção de Inteligência da Polícia da Província de Buenos Aires (DIPBA). Tanto para olhar, um mar tão extenso e profundo de vídeos, artigos, depoimentos que falavam sobre a ditadura, que a sensação de impotência e indignação manteve uma posição de resistência em começar a escrever. Encontros foram surgindo, leituras e conversas esclarecendo encruzilhadas de informações e finalmente é possível arriscar dizer que o tempo acabou assumindo o papel de Santiago Kovadloff neste artigo.

Jornalista

Eduardo Galeano, escritor uruguaio, jornalista. Após golpe militar é preso e obrigado a deixar seu país indo para Argentina. Teve seu livro “As veias abertas da América Latina”, censurado pelos governos militares do Uruguai, Argentina e Chile. O livro também foi colocado na lista dos esquadrões da morte de Videla (*Militar argentino que exerceu cruel ditadura entre 1976 – 1981) Eduardo Galeano exilou-se na Espanha. Seu livro “As veias abertas da América Latina” teve considerável destaque na América Latina atuando como esclarecedor e como base para muitas aulas de história proferidas por mestres de maior ousadia na época da ditadura. Em 2009 este mesmo livro novamente torna-se centro das atenções, tendo sido objeto ofertado pelo presidente venezuelano Hugo Chavez ao presidente americano Barack Obama, o que fez as vendas do livro dispararem. Talvez esse fenômeno de vendas tenha se estendido igualmente à leitura da obra.

Histórias

“As veias abertas da América Latina” recompõe vários acontecimentos como genocídio dos negros e indígenas; os diversos momentos de apropriação de recursos e modos de produção capitalista além de listar as complexidades nas relações estabelecidas entre governo e sociedade nestes países. Em relação à Argentina, especificamente Buenos Aires, interesse deste trabalho, tem-se uma passagem que diz:

“Protecionismo contra livre-cambismo, o país contra o porto: esta foi a luta que se deu no pano-de-fundo das guerras civis argentinas durante o século passado. Buenos Aires, que no século XVIII não foi mais do que uma grande aldeia de quatrocentas casas se apoderou da nação inteira a partir da revolução de maio e da independência. Era o porto único, e por ele deviam passar todos os produtos que entravam e saíam do país. As deformações que a hegemonia portenha impôs à nação se vêem claramente em nossos dias: a capital abarca, com seus subúrbios, mais da terça parte da população argentina total, e exerce sobre as províncias diversas formas de proxenetismo. Naquela época, detinha o monopólio da renda aduaneira, dos bancos e da emissão da moeda, e prosperava vertiginosamente à custa das províncias interiores. A quase totalidade da receita de Buenos Aires provinha da alfândega nacional, que o porto usurpava em proveito próprio, e mais da metade se destinava aos gastos de guerra contra as províncias, que deste modo pagavam para serem aniquiladas” (GALEANO, p.128-129).

Ou seja, a província de Buenos Aires enleada por volta de 1800 nos propósitos capitalistas vai historicamente abrindo espaços para futuramente abrigar novos percalços governamentais. Mais adiante falando da repercussão da obra, em um trecho escrito precisamente no posfácio lemos:

“Este livro havia sido escrito para conversar com o pessoal. Um autor não especializado dirigia-se a um público não especializado, com a intenção de divulgar certos fatos que a história oficial, história contada pelos vencedores esconde ou mente. A resposta mais estimulante não veio das páginas de algum suplemento literário de jornal, senão que de alguns episódios reais ocorridos na rua. Por exemplo: a moça que ia lendo o livro para sua companheira de assento e terminou pondo-se de pé e lendo em voz alta para todos os passageiros enquanto o ônibus atravessava as ruas de Bogotá; ou a mulher que fugiu de Santiago do Chile, nos dias da matança, com o livro envolto nas fraldas do bebê; ou ainda o estudante que durante uma semana percorreu as livrarias da rua Corrientes de Buenos Aires e foi lendo de pedacinho em pedacinho, de livraria em livraria, porque não tinha dinheiro para comprá-lo. Paralelamente, os comentários mais favoráveis que o livro recebeu, não provêm de nenhum crítico literário de prestígio, mas das ditaduras militares que o elogiaram proibindo-o. No meu país, (o Uruguai) por exemplo, As Veias Abertas da América Latina não pode circular, assim como no Chile e na Argentina. As autoridades o denunciaram, na televisão e nos jornais, como um instrumento de corrupção da juventude. “Não deixam ver o que escrevo”, dizia Blas de Otero, “porque escrevo o que vejo”. (GALEANO, p. 186)

Em meio a essas histórias vale a pena recordar que a obra escrita em 1971 ainda carrega consigo algo de contemporâneo nas relações travadas nas sociedades atuais.

As Veias Abertas da América Latina: A Ditadura em diversas roupagens

Se voltarmos no tempo e reconstituirmos as relações políticas e históricas vivenciadas na América Latina, poderemos constatar os ciclos ditatoriais em todos os países que fazem parte deste complexo político. Portanto não é surpresa a existência do período da ditadura recente destes países, o que surpreende e abre possibilidades para que a sociedade civil possa fazer parte da reconstituição mais consciente deste processo é a abertura dos arquivos, ato este que dá acesso aos documentos que ficharam e segregaram grande parte das associações esquerdistas, mentes arrojadas e outros tantos. Mesmo que esta abertura esteja envolta ainda em um véu de mistério e desorganização formal dos documentos liberados já é uma possibilidade de conhecer alguma versão da história “real” dos fichados e envolvidos no processo da ditadura.

Outro jornalista

Jacobo Timerman, jornalista, publicitário, judeu, imigrou com sua família para a Argentina ainda criança. Iniciou seu trabalho como jornalista nos anos 40 quando Juan Domingo Perón estava no poder. Em 1971 fundou o jornal de esquerda “La Opinión” que em meio aos desaparecimentos, sequestros, torturas, começou a publicar os nomes dos desaparecidos criticando o regime. Em 1977 Timerman foi sequestrado e ficou preso nessa situação por aproximadamente um ano e meio. Em 1979 foi obrigado a se exilar em Israel voltando para a Argentina em 1984. Em 1981 lançou um livro-depoimento sobre seu período de cativeiro: “Prisioneiro sem nome, cela sem número”. Em 1983 este livro teve sua versão para as telas de cinema. Em um dos trechos de seu livro consta:

A disciplina dos guardas não é muito boa. Muitas vezes algum guarda me dá a comida sem vendar meus olhos. Então vejo seu rosto. Sorrisos. Deixa-os cansados fazer o trabalho de guardiães, porque também têm que atuar como torturadores, interrogadores, realizar as operações de sequestro. Nestas prisões clandestinas somente eles podem atuar, e devem fazer todas as tarefas. Mas, em troca, têm direito a uma parte dos saques em cada prisão. Um dos guardas leva meu relógio. Em um dos interrogatórios, um dos guardiões convida-me com um cigarro e acende-o com o isqueiro de minha esposa. Mais tarde soube que o Exército tinha ordens para não roubar na minha casa durante o meu sequestro, mas sucumbiram às tentações. O Rolex de ouro e Dupont eram quase uma obsessão das forças de segurança argentinas nesse ano de 1977(TIMERMAN,1982, p.2).

Sobre este procedimento Padrós (2007) afirma que:

O perfil das vítimas da prática de desaparição-forçada atesta que a repressão teve um caráter fundamentalmente político contra determinadas organizações políticas e sociais e contra uma geração de pessoas comprometidas com os processos políticos de mudança social (PADRÓS, 2007, p.119).

Neste sentido é interessante notar a relação entre o jornalista Jacobo Timerman e a abertura dos arquivos da Direção de Inteligência da Polícia da Província de Buenos Aires (DIPBA).

A abertura do Arquivo da Direção de Inteligência da Polícias da Província de Buenos Aires (DIPBA)



Foto 1 – Arquivos da DIPBA
Fonte: http://www.comisionporlamemoria.org/archivo/


Em relação às origens do movimento repressor governamental das últimas décadas Padrós (2007) nos diz que

a América Latina foi uma das regiões onde a política de desaparecimento como método de Terror de Estado (TDE) se impôs com maior impacto e eficiência. Enquanto modalidade repressiva surgiu em conseqüência da doutrina contra-revolucionária elaborada pelos militares franceses a partir das experiências coloniais na Indochina e na Argélia. A Guatemala foi, nos anos 60, o primeiro país da região onde foi aplicada (PADROS, 2007, p.106).

Esta citação é para que entremos no espírito da instalação, funcionamento e fechamento da Direção de Inteligência da Polícia da Província de Buenos Aires (DIPPBA) que de acordo com Funes (2006) foi um aparato político utilizado na época da ditadura militar e momentos de regime democrático na Argentina, província de Buenos Aires. Criada em 1956, momento de pós derrubada de Peron em 1955, tinha como objetivo central prevenir e reprimir o protesto social e teve maior impacto de violência e repressão na época de 60 e 70, momento de maior radicalização política e escalada da violência e perseguição na província de Buenos Aires, Argentina.

Ainda citando Funes (2006) a DIPPBA nem sempre teve este nome, passou por uma mudança de nomenclaturas que foi desde Seção de Ordem Social em 1940 até outras denominações que implicaram não apenas diferenças semânticas, mas maior investimento do Estado para o processo, além de maior profissionalização da inteligência. De acordo com a “Comisión por La Memoria” o funcionamento do arquivo da DIPBA ocorre pela divisão das informações em mesas temáticas. Com quase 230.000 fichas pessoais, as informações seguiam para diferentes meses de trabalho. Os documentos eram distribuídos de forma geral do seguinte modo:


Mesa A – registros de atividades políticos partidárias, estudantis e governamentais.
Mesa B – guarda informações do mundo trabalhista e de atividades econômicas. Basicamente o interesse era sobre a atividade sindical e fabril.
Mesa C – (Comunismo) agrega informações sobre pessoas, organizações e atividades classificadas de comunistas pela DIPBA.
Mesa De – elaboraram-se arquivos a partir dos registros das organizações da sociedade civil: associações cooperativas (escolas, hospitais, polícia, bombeiros), centros culturais, grupos de teatro, cooperativas, clubes (esportivos e recreativos), associações coletivas, agrupamentos gerais, comissões de homenagem e festejos, sociedades de fomento, entidades religiosas.
Mesa Ds – registrava todos os atos de sabotagem caracterizados como ‘subversivos’ e/ou ‘terroristas’, tanto os que ocorriam na província de Buenos Aires como aqueles que ocorriam no resto do país.
Mesa Referência – elaboravam-se arquivos para todos aqueles que não podiam ser classificados ou interessava as outras mesas.
Doutrina – não era considerada como uma das mesas de trabalho, talvez porque não se dedicava a ‘explorar a informação’ mas estava relacionada com a metodologia de trabalho interno da DIPBA.

O acesso aos documentos que constam nesse trabalho só foi possível porque estão disponíveis no acerto do site da “Comisión Provincial por La Memória”.

Documentos

No site da “Comisión Provincial por La Memória” (CPM), entidade que organiza e cuida dos materiais depositados na Dirección de Inteligencia de la Provincia de Buenos Aires (DIPBA), encontra-se o “Proyeto Timerman”, um projeto que reúne arquivos produzidos pela DIPBA que vão de 1942 até os anos 90. São 13 páginas que contém folhas de 97 documentos relacionadas ao jornalista. Para este trabalho selecionamos um documento para ilustrar um pouco do que já foi dito. Para Castela (2002)

os arquivos são construções sociais múltiplas que reúnem uma diversidade de instituições e agentes que viveram e conservaram papéis, fotos, imagens de um tempo, lugar, uma classe social, gêneros, etnias. São também a soma da vontade de preservação e de lutas pelo reconhecimento legítimo destes vestígios dotados de valor social e histórico em um comunidade ou sociedade. Nada do que as famílias, os cientistas, os homens de Estado e as instituições arquivam é imparcial ou neutro; tudo traz a marca das pessoas e ações que os tirarão do esquecimento (CASTELA 2002, p.218).

Abaixo segue a capa da pasta aberta para o Jornal esquerdista La Opinión fundando por Timerman em 1971. Extremamente organizada a pasta vai abrigando informações datilografadas acerca do jornal além de recortes e toda e qualquer informe que seja considerado importante.


Documento 1 – La Opinion
Fonte: http://www.comisionporlamemoria.org/timerman/7880.html


Estes dois documentos abaixo estavam na mesa dos delinquentes subversivos uma vez que existe a indicação à direita do documento: Ds. Outra sigla que aparece no centro do documento é C.A.A. que significa Comissão Assessora de Antecedentes. O primeiro consta como capa do processo enquanto o próximo documento já registra algumas informações básicas dos antecedentes de Jacobo Timerman, diretor do Jornal La Opinión. No documento chama a atenção algumas informações como o fato de existir uma comissão somente para estudar os antecedentes de pessoas suspeitas além de estudarem ideologicamente a pessoa ou instituição.


Documento 2 - Antecedentes
Fonte: http://www.comisionporlamemoria.org/timerman/20595.html


Documento 3 – Ficha Jacobo Timerman
Fonte: http://www.comisionporlamemoria.org/timerman/20595.html


No documento abaixo fica claro alguns elementos ligados ao fato do jornalista Jacobo Timerman ser judeu. Expressões como “foi comprovado uma vez mais que o judaísmo procura oprimir nossas tradições mais importantes”; - “Não à violência sionista”; Outro aspecto que chama atenção é a Estrela de Davi, importante símbolo para os judeus, que aparece em meio a duas expressões: Terrorismo e Sionismo. Enquanto o final do documento apresenta uma estrela representando a trindade relacionada ao regime da ditadura: Pátria, Deus, Casa. A palavra Tacuara também está presente, neste caso é interessante atentar para o Movimento Nacionalista Tacuara, organização argentina de extrema direita que atuou utilizando o terrorismo. Detalhes como estes podem dar muitas pistas ao lermos os documentos. Neste caso chama a atenção o fato de estar destacado o ser judeu em Jacobo Timerman.


Documento 4 – Terrorismo
Fonte: http://www.comisionporlamemoria.org/timerman/11526.html


Conclusões

Kahan (2007) encerra seu artigo dizendo:

Aparentar-se com a tradição hispânica e católica reforçava o valor identitário da Polícia da Província de Buenos Aires como um organismo de grande tradição nacional. Nesse sentido, podia-se propor para a instituição policial uma hipótese similar à que haviam sustentado – autorreferenciando-se – as Forças Armadas na Argentina: apresentarem-se elas mesmas como fiadoras dos valores da nação. Nesse sentido, o libelo policial, os informes nos quais se ‘registrava’ a ‘origem judia’, o ‘uso da língua natal’ e os informes nos quais se assinalava a ‘ausência do Hino Nacional’ destacavam um uso retórico da narrativa policial tendente a mostrar os ‘limites’ da ‘argentinidade’ (KAHAN, 2007, p.177).

Esse argumento acaba por direcionar de certa forma alguns dos motivos pelos quais as minorias foram perseguidas durante a ditadura. Esses pensamentos e orientações ideológicas já se encontram na sociedade há muito tempo como marcado na obra de Eduardo Galeano.

Os documentos, as histórias orais, a literatura que registraram momentos desse complexo período da história estão aí para serem divulgados, questionados e repensados por cientistas e pela sociedade civil. Encerramos esse artigo com um pensamento de Eduardo Galeano que segue solto ao vento... Com um eco de resposta? Quem sabe.




Crônica da cidade de Buenos Aires

Em meados de 1984, viajei para o Rio da Prata. Fazia onze anos que não via Montevideu; fazia oito que não via Buenos Aires. Tinha ido embora de Montevideu porque não gostava de ser preso; e de Buenos Aires, porque não gosto de ser morto. Mas em 1984 a ditadura militar tinha acabado, deixando atrás um rastro de sangue e lodo que ninguém apagaria, e a ditadura militar uruguaia estava acabando. Eu acabava de chegar a Buenos Aires. Não tinha avisado os amigos. Queria que os encontros acontecessem por acaso. Um jornalista da televisão holandesa, que me acompanhava na viagem, estava me entrevistando na frente da porta que tinha sido da minha casa. O jornalista me perguntou o que tinha sido feito de um quadro que eu tinha em casa, a pintura de um porto para chegar e não para partir, um porto que dizia alô e não adeus, e eu comecei a responder com o Olhar pregado no olho vermelho da câmara. Disse que não sabia onde esse quadro tinha ido parar, nem onde tinha ido parar o seu autor, Emilio Casablanca: o quadro e Emilio tinham-se perdido na nevoa, como tantas outras pessoas e coisas engolidas por aqueles anos de terror e distancia.(GALEANO, 2002, p.95-96)




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTELA, Estela. El Mundo de los Arquivos. In Los Arquivos de La Repressión: Documentos, Memoria y Verdad. (Org) Ludimila da Silva Catela y Elisabeth Jelim. Madrid: Siglo XXI España Editores S.A, 2002.
FUNES, Patricia. Secretos, confidenciales y reservados. Los registros de las dictaduras en la Argentina. El Arquivo de La Dirección de Inteligencia de la Policía de la Provincia de Buenos Aires. In Argentina 1976 – 2000 Entre la Sombra de la Dictadura y el futuro de la Democracia. Org. César Tcach y Hugo Quiroga. 1ed. Rosario: Homo Sapiens Ediciones, 2006.
GALEANO, Eduardo. As Veias Abertas da América Latina. 12.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
GALEANO, Eduardo. O Livro dos Abraços. 9. ed. – Porto Alegre: L&PM, 2002. 70p.
KAHAN, Emmanuel N. ¿Qué represión, qué memoria? El “archivo de la represión” de la dipba: problemas y perspectivas. Revista Question. 2007, n.16.
PADRÓS, Enrique Serra . A política de desaparecimento como modalidade repressiva das ditaduras de segurança nacional. Tempos Históricos (EDUNIOESTE), v. 10, p. 105-129, 2007.
TIMERMAN, Jacobo. Preso sem nome, cela sem número. Codecri:1982.

BOOK RAGS. Disponível em: Acesso em 04 de junho de 2012.

COMISIÓN PROVINCIAL POR LA MEMORIA. Disponível em: < http://www.comisionporlamemoria.org/> Acesso em 04 de junho de 2012.
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RIBEIRO, Milton. Galeano faz 71 anos e as veias seguem abertas há 40 anos ou mais. Disponível em: Acesso em 04 de junho de 2012.
FRANCA, Ludmila. América Latina e as ditaduras militares: fatores históricos. Disponível em: Acesso em 04 de junho de 2012.